autora: Mima 

Copacabana

26/09/14

Somam-se os ruídos, em verdade, barulhos bastante incômodos vindos de várias máquinas e ferramentas em uso na reforma dos fundos do hotel. Operários se espalham pela fachada por andaimes, elevadores ou nos andares prontos, agora nus das paredes que os fechavam. Conversam entre si, ou melhor, gritam uns para os outros mesmo se separados por vários andares. As falas e gritos sobressaem aos irritantes ruídos de máquinas e ao batecum de martelos - é a voz de nossa espécie! De repente, um apelido gritado e repetido: Macarrão... Macarrão... alguém atende e a obra segue em suas minúcias .

É gritante o contraste com o silêncio de antes, em outra morada, em outra cidade. Uma poderosa máquina corta ou lixa ou serra - seu som ensurdece, nada mais se pode ouvir. Quando para por um momento surgem muitos outros barulhos por ela eclipsados. Talvez os sabiás também estejam por aqui com suas variações melódicas de cantos de acasalamento. Se estiverem será impossível ouvir. Ao fundo, algum motor poderoso ronca em toada uniforme e contínua e sobressai nos raros momentos de silêncio da balburdia.

No céu acinzentado um bando de aves marinhas descreve círculos ou helicóides. Parecem desenhadas a bico-de-pena. As diferenças de tamanho sugerem as diferenças de altura de voo de cada ave, pois são todas semelhantes e devem ser da mesma espécie. O rumor da construção amainou-se. Hora do lanche? Passa o som de uma sirene em rápido deslocamento no hiato da barulheira construtiva. Logo volta o zumbido agudo e estridente de alguma máquina a preparar quartos para turistas. Eles abundam por aqui. O comércio local, legal ou não, visa em especial os estrangeiros. As câmeras espalhadas pelo mundo mostram na internet locais preferidos pelos viajantes no earthcamtv.com. Uma delas está aqui, em Copacabana.

Fri, 26 Sep 2014 15:48:34 -0300

Feliz que você está por aqui, querido Clôde. Bem vindo!

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Obrigado.


Fri, 26 Sep 2014 16:01:23 -0300

Só não vou gritar que é prá não ser mais um som desagradável prá você (sim, você poderia ouvir aí meu coração gritando daqui do planalto). Como assim hotel? Pensei que você ia ficar com seu filho. Quer me desesperar? Será que não pode me mandar um emelho particular prá aliviar meu coração? É melhor você andar na praia de manhã cedinho ou no fim da tarde. Eu sei que você pode achar poesia em qualquer lugar, mas... ai.... vai prá beiramar... olha prá grande placenta geradora de tudo, acho que a sensação de lar, de origem... sei lá! Escreve prá mim, CARALHO! Eu sou grossa mesmo! Você me conhece. Mas quando penso em você aí no tumulto, fico com a alma apertada. Tenha pena de mim. Receba o meu abraço FRATER GRATIS como sempre para sempre Saudades ro

Escreva-me sem ser em resposta a uma crônica. Aqui, respondo 'em público' pois publico o que se diz de cada uma.


Fri, 26 Sep 2014 17:00:26 -0300

Bem vindo ao Rio, mermão..

Essa barulheira é uma nesquinha da bagunça deste bairro ai.

E você, cada vez mais íntimo de toda essa zona?

A há muito o que caminhar... como o caminho até o fim do Leme, aquela enorme pedra gigante lá...onde os pescadores locais conversam com as ondas, ao lado da pracinha final.

E tem a praia e o coco da praia.

Gosto dessa zona...

beijos, mermão

      sem assinatura

Obrigado.

Ainda estou resolvendo detalhes como obter um telefone fixo ou comprar pano de chão. Caminhei um pouco, mas com o tempo chegaremos aos esconderijos. Do resto da bagunça ainda pouco vi.


Fri, 26 Sep 2014 19:59:26 -0300

Oi Clode,

Mudança provisória? Existe uma Copacabana que não existe mais , mas que amo https://www.youtube.com/watch?v=BRn_b7KVZO0 https://www.youtube.com/watch?v=qQR1NuyQPDg

De notícia

Abração


Ebert

Não sei, por enquanto é um teste, mas a idéia é ficar perto do filho e dos netos.

Sim, conheci outra Copacabana e testemunhei as dragas portuguesas alargarem muitíssimo a faixa de areia, antes alva e finíssima, ampliando muito a Atlântica e calçadas além da praia. Era, então, a Princesinha de Mar...

Não se preocupe: daqui ou de lá seguirão outros relatos.


Fri, 26 Sep 2014 17:49:48 -0700

querido!
que bom q vc voltou
estou aguardando a croniquim do marzão!
bjs saudades, Maren

De novo pedem para falar do mar. Melhor seria ouvir o som das ondas a quebrar na areia apagando todos os passos, não apenas os dos amantes separados...


Sat, 27 Sep 2014 09:33:53 -0300

Ai, ai.... A sorte (ou o pior) é que o ouvido acostuma.
Uns amigos meus que moram em Alto de Pinheiros, perto da Panamericana, dormiram aqui uma vez - ou antes, não dormiram direito, porque estranharam o silêncio...
Bjs
Ana

Tinha razão Dostoiévski ao definir o ser humano, em Recordações da Casa dos Mortos, como um animal capaz de adaptar a qualquer situação. À noite, todavia, é mais silencioso.


Sat, 27 Sep 2014 19:11:14 -0300

Gostei muito Clode! Bj

      sem assinatura

Suspeitíssima, eu diria...   :-)
Merci,
bj, c.

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