Cortar o mal pela raiz

10/07/12

Informa-se que um rolo compressor substituiu, ontem, as escolas de samba na Praça da Apoteose do sambódromo carioca, a desfilar em monótono vaivém sobre armas apreendidas ou devolvidas e predestinadas à destruição. Diante da cena imaginada - vi outras semelhantes na televisão -, perguntei-me, como das outras vezes, por que autoridades com poder para assim demolir arsenais imensos em praça pública, não usam suas faculdades para uma solução definitiva: proibir a fabricação de armas? A quem aproveita a produção de armamentos?

No mesmo dia, na madrugada de São Paulo, um casal de moradores de rua achou um saco cheio de dinheiro - cerca de dez mil dólares - e, prontamente, entregou o achado à polícia. Não sei porque relaciono as duas notícias. Talvez o cinismo de uma se contraponha à candura da outra ou, quem sabe, reaja apenas à coincidência temporal.

Dir-me-ão absurda a ideia de abrir mão dos 'instrumentos de defesa'. Defesa de quê? Da propriedade, é claro, sempre defendemos com afinco o 'nosso', o 'meu'. Delicia-me observar na natureza a efemeridade e escassez do 'meu'. Dura, talvez, até a fome saciar-se, até os limites da visão, do olfato, do ímpeto reprodutivo. Depois, a presa que cacei será pasto alheio e tudo se repartirá sem o jugo de convenções.

Alegar-me-ão a necessidade de segurança, mas o vendedor de seguro de vida não é capaz de garantir a imortalidade. Seguro? Que segurança pode haver para um ser vivo a não ser de que morrerá? A indústria da segurança e irmã siamesa da armamentista.

Por fim, aprendi ter sido, ontem, também dia internacional da destruição de armas, o que torna muito maior o nonsense do desfile de rolos compressores mundo afora na destruição do que foi tão caro construir. Não seria melhor cortar o mal pela raiz?

Outrora carecia armadura e cinto de castidade...

Wed, Jul 11, 2012 at 1:11 PM

que mundo doido
tem muito, muito dinheiro envolvido na produção de armas
digo, ganha-se muito dinheiro, por isso não se para

ganância, como vc colocou

      sem assinatura

Sim e violência gera mais violência. Não se pode mudar a sociedade, ela é uma projeção do que somos. Só é possível mudar o Homem, mas é muito difícil mudar-se a si mesmo.


Wed, Jul 11, 2012 at 6:23 PM

"A quem aproveita a produção de armamentos?"

Ora, ora ora ora... os senhores da guerra, claro!
É um negócio que rende muuuuuuito lucro. Por exemplo:
o morticínio na Líbia. A maioria das nações pede o fim do assassinato da população. Mas entre as nações mais poderosas, duas não querem que a guerra termine, votam contra em todas as reuniões. Motivos: um encontro entre dois dos maiores fabricantes (Rússia & China) que não querem deixar de vender pra um grande comprador: a Líbia. no meio disso tudo um líquido chamado petróleo. Ainda e sempre: comércio, dinheiro... que passa por cima de tudo.
Simples assim. E assim será per omine secula seculorum...(é assim q nos ensinavam no são bento?)


bjos, meu irmão

      sem assinatura

Mas não lhe parece um disparate destruir armas em praça pública em vez de acabar com o mal pela raiz?
Não estou certo sobre o latim, mas acho que é omnia, em vez de omine - não sei.

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