Crônica do dia

 

Crescei e multiplicai

08/09/06


A jabuticabeira cumpre seu destino e dá jabuticabas, mas parece meio atrapalhada, também ela, com o mau-humor do tempo. É cedo para dar. Quase todos os frutos ainda estão verdes e, mesmo assim, há grande quantidade de jabuticabas caídas sob o pé, a maioria verde. Não vi fruto maduro, de fato e os mais maduros estavam nos extremos dos ramos mais altos.

Logo o fenômeno se explicou: um bando de sagüis chegou, silenciosamente, e deslizou por galhos e pelos ramos mais finos de muitas árvores, com agilidade e rapidez, para a frondosa árvore carregada. Era uma família grande, com crianças e adultos, e também cumpriam seus destinos de crescer e multiplicar, onde cabe achar alimento no grande supermercado da natureza. Já os tinha visto a vigiar a árvore quando os frutos tinham o tamanho de um caroço de uva.

Não resisti a brincar com os bichinhos que parecem macacos, ou melhor, gente. Muitas vezes, imitei seu guincho agudo e depois de sumirem de vista, um deles aparece como vigia em um galho alto e procura a origem do som. Aí, olha fixo para o humano idiota que os imita e, perplexo, parece procurar entender... Desta vez, ao me perceberem, fugiram sem olhar para trás e, por erro ou estratégia, fugiram para dois lados opostos - uma parte do bando para minha direita, outra, para a esquerda.

Nisso, chegou o cão que, em geral, não liga para bichos de outra espécie - só cuida de canis lupus. Atraído pelo movimento dos sagüis, fez a festa - latiu como herói, correu, ameaçou. Certificou-se de que o território estava limpo, circulou aqui e ali, sempre a marcar muitos cantos com seu cheiro. Satisfeito, voltou e deitou por perto, parecendo orgulhoso da missão bem sucedida.

Não percebeu um sagüi bem pequeno, que se agarrava com força ao tronco de uma árvore nua, bem na minha frente, e me olhava assustado.


|home| |índice das crônicas| |mail| |anteriorcarta481 carta482

2453987.712