Não me intrometeria em assuntos religiosos por acreditar impossível discutir temas de fé — cada um acredita no que quer e ponto. Porém a imagem publicada ontem pelo New York Times, de uma reunião de cúpula da Igreja Católica Romana, com a finalidade de debater os inumeráveis casos de pedofilia envolvendo o clero mundo afora, pareceu-me eloquente a ponto de me arriscar a comentá-la. Comecemos com a fotografia da reunião no Vaticano:
Por toda parte no Estado da Cidade do Vaticano resplandece, entre incontáveis e importantes obras de arte, o requinte e o luxo herdado das cortes e as cerimônias impõem figurinos quase operísticos como, desta vez, uma indumentária em cores mangueirenses, certamente não pela Escola de Samba. O vermelho (carmim) cardinalício, tão famoso e ostensivo, deu lugar a um verde ecológico nas batinas ou togas dos prelados. Todavia, por qualquer razão, os solidéus, equivalentes aos quipás do judaísmo, continuaram nas cores tradicionais das indumentárias cardinalescas. Cores escolhidas, no passado, por seu elevado valor, pois a única fonte do pigmento, então, era um tipo de inseto, a cochonilha, usados para obter a tintura encarnada ou carmim. Testemunhavam, assim, o poderio econômico de quem as exibia. Como mostra a fotografia, há uns poucos prelados com a tonsura exposta, sem a proteção física e simbólica do quipá ou solidéu. Seria um fato fortuito ou existiria uma razão para tanto? Não sabemos. Percebe-se, igualmente, duas eminências com vestes brancas, ambos sem solidéu — um de cabelos brancos e o outro, negros. Sob as pinturas mutiladas pelo enquadramento fotográfico, floreiras com flores nas cores do Vaticano e diante de um altar mourisco, o papa Francisco enfrenta o espinhoso tema imposto aos clérigos, implacavelmente, por um hormônio e agravado pelo celibato.
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Mon, 25 Feb 2019 11:15:54 -0300 Nada como analizar um imagem com olhos de ver. O celibato sempre será um absurdo, mas se mudarem a regra agora assinam a sentença de morte. Religião nos dias da informática aparece mais absurda do que nunca. Pena de quem não vê isso... seu texto brilha. Oi, Ebert. Mon, 25 Feb 2019 11:22:39 -0300 muito boa, muito “culta”, cheia de informações, adorei. sem assinatura Obrigado pelas explicações. Desconhecia batinas verdes. Os monges beneditinos estavam sempre de preto. Talvez aqueles de cabeça nua não sejam cardeais, quem sabe? O solidéu ou quipá serviria, então, com insígnia de cargo. Só comecei a ler a matéria do NYT. Mon, 25 Feb 2019 11:27:44 -0300 Salve salve, Hermano queridozinho.... Essas historias das igrejas, sempre me incomodo um pouco ou muito. Afinal safadeza dos padres deveriam ser mais revelados por todos... não acha? sem assinatura Concordo. Tue, 26 Feb 2019 14:02:59 -0300 verde e rosa é mangueira gente! sem assinatura Não é? Veio a calhar com a ocasião |
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