Crônica do dia

 

Dica

15/03/05

Hoje, queria só dar uma dica, mas isso me parece muito além de minha competência. Há coisas simples de não sou capaz ou que me parecem íngreme montanha. Às vezes, dar um telefonema, pedir uma informação ou comprar qualquer coisa pode me ser muito mais difícil do que a maior parte das pessoas pode imaginar, mas a dica é simples.

O trem deslizou suavemente, como se os trilhos fossem de teflon ou coisa parecida, silenciosamente. Entre duas estações, os passageiros podiam esquecer calor, barulho e, sobretudo, o mau-cheiro do exterior. Era um dos dias mais quentes do ano, máxima de mais de 33 graus. A marginal do Pinheiros, logo ali, do outro lado do muro, fornecia barulho e fumaça de escapamento em abundância. Além do cheiro nauseabundo dos caminhões, do outro lado vinha o de esgoto.

Ao se fecharem as portas, nos vagões de janelas amplas e fixas, tudo isso ficava do lado de fora e o ar condicionado não irritava, apenas refrescava. O trem partia, sem solavancos, como metrô, para a próxima estação, todas muito perto entre si: Berrini, Vila Olímpia, Cidade Jardim, Hebraica, Rebouças, Pinheiros, Villa Lobos, Ceasa, se não me engano, em um curto trecho.

O trem deslizou suave e rapidamente. Entardecia e a Marginal do Pinheiros parada, como de costume. Motoristas e veículos bufavam. Um simples muro separava o tráfego caótico do outro, que esquiava sobre trilhos de seda, com ar condicionado perfeito, capaz de refrescar sem gelar e, o melhor, permitir o silêncio.

Era essa a dica. Hoje, por menos de 80 centavos de dólar se pode ir nesse trem de Osasco a Jurubatuba. Existem outras paradas, além das que já mencionei. Em Osaco e Presidente Altino o trem se integra, sem precisar pagar mais, à "B", linha que leva a Barra Funda e Júlio Prestes. De onde se passa, sem pagar, para o Metrô e desse...

 

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