de esporadicidade imprevisível

Dois aniversários

19/02/19

Ouço na Rádio Nacional: se Almirante fosse vivo, completaria hoje 111 anos e logo me ocorre: se Nicolau Copérnico fosse vivo, completaria hoje 546 anos. Os dois aniversários sublinham de novo os aspectos singulares desta grandeza, o Tempo, postos em evidência principalmente a partir de 1905, com a publicação dos três célebres artigos de Einstein...

Imaginar Almirante com 111 anos (idade que meu pai completaria no final deste ano) parece-nos natural, não causa espécie. No entanto, parece-nos quase impossível imaginar Copérnico com aquela idade, malgrado Matusalém. A História nos distorce os fatos e quanto mais distantes no tempo, maior pode ser tal distorção como, por exemplo, a idade de Matusalém.

É quase impossível nos sentirmos nas condições de vida do século dezesseis, época em que Copérnico publicou, finalmente, o seu De revolutionibus orbium coelestium ("Da revolução de esferas celestes"), no ano de sua morte. Tudo era profundamente diferente das condições atuais, mas é certo o vulto de enfrentar a visão egocêntrica e religiosa vigente, tendo a Terra como centro do universo e, em particular, do sistema solar, e desenhá-lo como hoje o sabemos e comprovamos. Foi um feito gigantesco, posteriormente completado por dois outros grandes astrônomos, Tycho Brahe e Johannes Kepler.

o livro revolucionário
o livro revolucionário

É impossível imaginar alguém com a idade de 546 anos. Nosso prazo de validade estende-se, no máximo, pouco além dos cem anos e qualquer um com um século de vida se mostra fragilizado e dependente. Mais de cinco séculos ultrapassa toda imaginação. Podemos antropomorfizar a Morte ou aceitá-la como etapa derradeira da Vida.

Podemos, com imaginação, criar fantasias a nos remeter ao passado e ao futuro, acreditar em existências posteriores e anteriores à morte mas, concretamente, estamos ancorados em nosso tempo.

Tue, 19 Feb 2019 15:26:46 -0300

recebi 2 vezes, de 2 rementens, CLode e Cronista

      sem assinatura

Eu e minha trapalhadas...

       (com ajuda desse soft porcaria...)

A segunda foi com a capa do livro...


Tue, 19 Feb 2019 16:34:03 -0300

Boa tarde querido amigo, uma pequena ajuda:
como você participa d’Equivalências, o filme que estamos para acabar,
te pergunti: como gostarias ser ‘rotulado’?
Clóde Kubrusly
Professor, Fotógrafo e Cronista (está OK)
Abs. Forte, Maureen

Oi, Maureen.

Que surpresa! Participar de um filme sem o saber...

Deixo integralmente a seu critério. Confio em seus dons poliglotas.


Wed, 20 Feb 2019 10:57:02 -0300

Aqui estamos, mais uma vez diante de toda sabedoria do Sr. Kubrusly... Sempre fico encantado com tudo você escreve nos ensina todos os dias. Mas me dica: quem lê o que você escreve? Me conte... pode ser?
beijo...

      sem assinatura

A mim não importa que me leiam, ou não e nem quem possam ser eventuais leitores, se os houver.

Gosto de escrever e por isto escrevo. O textos os vejo como jabuticabas que a jabuticabeira dá.


Thu, 21 Feb 2019 08:12:28 -0300

Obrigada, Clôde

É sempre desafiador refletir sobre o tempo...

Uma historinha sobre uma de minhas tias centenárias. Na família de meu pai, as mulheres
têm o mau hábito de passar dos 100: minha bisavó e minha avó morreram com 102 e 101,
respectivamente. Duas tias ainda estão vivas, uma com 104 e a outra com 106 (a mais nova envelheceu
mais precocemente, hoje as duas estão bem abatidas). Mas olha só esta historinha da mais velha:
um belo dia, uns dois anos atrás, ela liga para uma de minhas primas pra se queixar, muito chateada, que
tinha estado no médico, que identificou um problema de tireóide e indicou um medicamento. Minha
prima (que já passou dos 70), procurou animá-la contando que isso não era um problema - que ela e
o marido também tomam esse tipo de medicamento.

Resposta da tia Zezé: Mas , Tereza, eu vou que tomar isso O RESTO DA VIDA!!!

Bjs
Ana

Oi, Ana.

Aparentemente enquanto estamos vivos e com razoável saúde, nos "sentimos" eternos e "o resto da vida" é essa eternidade quer tenhamos quinze ou cem anos...


Thu, 21 Feb 2019 22:35:48 -0300

sou sua leitora. adoro suas crônicas.

sonia

Oi, Sonia.

Que bom você gostar tanto!

Agora já sei bem quem me elogia de longe.

Além disso, de você chegam as mais imparciais réplicas às crônicas, posto não estar, sequer, entre os leitores que a recebem por e-mail.

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