Brinco c'as palavras quase à revelia, respondo ao impulso que m'as tece descuidado e inconseqüente, como se impulsos pudessem ter cuidados e cuidar de conseqüências. Brinco, brincas como animais e palavras que são além de sons fotos grafadas no barro e em barra de saia que roda e ancora e demora e se ajeita e acomoda e dá um jeito e segue e atropela a fingir que se encadeia, sem nada ter a dizer, a borboletear de flor em flor e beijar cada pistilo e lamber o mel retido e colher o pólen de colher e esquecer na gaveta do tempo o brinco que, mudo, brinca com a memória que brinca c'as palavras quase à revelia... Mas há pessoas sisudas - que jamais abrem parágrafo com conjunção - c'as usam com mestria sem jogá-las como aqui, a mancheias e a direito e torto, paraguaias pérolas de fantasia, sem carnaval ou porcos nem escolas nem samba nem bamba ou havaianas ou alpercatas de sola de corda bamba na estica em que borda e pinta de fino fio d'ouro dúctil, malemolente sobre platina fina, menina, polida, comportada como tese requintada, talvez requentada em brando fogo de viva brasa - uma brasa, mora? - sem demora, pois já desmorona o furto fútil de Winona - último fruto útil, impulso a pulsar quase quasar a não ser estrela maior e só estrelar filmecos bê, do be-é-bê de sagrados bosques de milhões de adoradores, de fãs e de adoradores de dólares e dores e sonhos e...
A leitora reclama a morte do pássaro cativo, sem liberdade, privado do esplendor azul e infinito. Pergunta: "E como que se resolve isso?" Por certo não será com a montanha de palavras nem com a montanha de sonhos. Não sei o que dizer, mas me ocorrem - ou seria socorrem? - palavras, meras palavras de uma senhora que fazia a limpeza de minha morada, há uns vinte anos, mais ou menos, e notou minha tristeza ou preocupação: "A vida é bela, nóis é que empeteca ela." |
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