Endeusar o vencedor
18/01/16
Talvez a neve e as temperaturas insuportáveis das grandes latitudes tenham, com efeito, estimulado um rápido desenvolvimento do ser humano, tornando-o, assim, semente do dito primeiro mundo. Talvez nas latitudes equatoriais o clima quente, ao facilitar a vida, tenha incentivado o laisser-faire e gerado um povo preguiçoso. Não sei, mas salta aos olhos nossa preguiça mental. Pensar? Para quê? Mais fácil aceitar o pensamento alheio derramado sobre nós de todos os lados, seguir a manada automaticamente, mesmo se a senda desembocar num matadouro. A prioridade dos meios de comunicação não é informar, mas formar consciências conforme aos interesses de quem paga a conta. Outro dia, anunciaram-se os concorrentes à maior premiação do Cinema, o Óscar, cumprindo um rito e uma estratégia tão bem elaborados, que o mundo inteiro se abandonará na correnteza qual imenso cardume a responder consoante os desígnios dos patrocinadores. Não deveria abordar este tema por não ir a um cinema há anos, mas não se trata aqui do cinema e de sua excelência, mas de nossa preguiça de encarar o mundo com o próprio cérebro, com nossa capacidade de compreender, com as delícias do descobrir, sem precisar citar o que esse ou aquele disse, sem repetir aquilo metido em nossas cabeças. A manipulação feita pela poderosíssima indústria de Hollywood cria uma oportunidade ímpar, a cada ano, de observar tal engrenagem. Ocorre mais ou menos o mesmo com as Olimpíadas, por exemplo, mas a famosa premiação da "Academia de Cinema" assume proporções extremas.
Competir foi importante no processo evolutivo, sem dúvida, mas para continuar a evoluir como ser humano é preciso ultrapassar a competição e não, incentivá-la desde o berçário. É preciso atentar aos malefícios advindos de estimular a competição e endeusar os vencedores. |
Fri, 22 Jan 2016 20:21:08 -0200 Esse planeta vive de competição, né? sem assinatura Podes falar com todas as letras quando não gostares. |
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