Fanfarrões
15/12/14
Hoje a jactância é vista com simpatia. Dizer-se o melhor, o mais isso ou mais aquilo e o propagar ostensivamente tal convencimento parece comportamento aceito pela sociedade como coisa natural, normal, sem o peso da arrogância ou o pejo de bazófia ou o pecado capital do orgulho ou, ao menos, o corar pela vaidade exacerbada. Todos repetem "sou o bom, o melhor, o maior, o super, o hiper, o mega", todos se pretendem super-heróis. Vejam-se, por exemplo, os chamados meios de comunicação. Passam boa parte do tempo a se vangloriar de seus feitos, a proclamar suas supostas qualidades, a dizer-se melhor e maior entre os concorrentes etc. Liga-se o rádio, por exemplo. A ação implica querer ouvir rádio - música, notícia, o que for - a emissora, todavia, principia a enumerar suas vantagens, a vender sua programação, a pedir sua colaboração gratuita e, por fim - caso ainda se esteja ouvindo - a acompanhá-la em outros canais como a internet ou feicebuque ou tuíter etc. É um aspecto menor dos problemas de todos os dias, frente a intermináveis guerras, entre países ou entre pessoas, à matança por diferentes motivos, como se algum motivo justificasse matar, à constatação do colapso do planeta pelos feitos da humanidade etc., sim é ninharia na paisagem global, mas deixa patente a exacerbação do egocentrismo, a supervalorização do indivíduo, de um nome, de uma conta bancária, da posse de bens materiais ou intelectuais. Dir-me-ão, possivelmente, existir outrora incomensurável hipocrisia a camuflar sob falsa modéstia a vaidade humana, perene e também impossível de medir e capaz de provocar, assim, a enunciação de supostas qualidades pessoais pelo interlocutor. Talvez, mas além da mudança comportamental, sobressai o protagonismo do indivíduo, a priorização do egoísmo a separar mais e mais as pessoas. |
Mon, 15 Dec 2014 11:00:17 -0200 Clode, hoje só escuto a Cultura evitando alguns horários que são insuportáveis como o das 8 h da manhã e também escuto rádios pela internet. sem assinatura Obrigado pela sugestão. Já sintonizei a Cultura aqui no computador pois o radinho quebrou... Mon, 15 Dec 2014 09:13:15 -0800 nossa Clode, vc arrasou sem assinatura Mas não sou não. Mon, 15 Dec 2014 19:07:33 -0200 boa, começou me levando ao dicionário: jactância, bazófia (pensei que era bagunça ou barulhada). sem assinatura Quem sabe precise aprender a falar com mais simplicidade? A palavra não é a coisa e eu me distraio com elas... Tue, 16 Dec 2014 20:40:24 -0200 Querido Clode, a psicologia moderna incentiva o amor próprio como se fosse um antídoto contra o solidão. alem disso todas as pessoas trabalham seu marketing pessoal para além de se amarem muito, serem amados por todos. ser popular, conhecido, se destacar, como se estivessem num páreo de éguas e cavalos puro sangue. todos querem um bom salário, uma promoção, para além de lucrarem, ter prestígio."a pessoa não quer ser um cavalo na pista". sem assinatura Você sempre me surpeeende - agradáveis surpresas. Bela imagem, mocinha: "como se estivessem num páreo de éguas e cavalos puro sangue". A Pessoa é muito sabida. |
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