(de esporadicidade imprevisível)
Fatalidade
28/08/17
Apaixonado por automóveis e colega da Arquitetura, vivia desenhando carroçarias ou seus detalhes e se deliciando com a complexidade das intersecções de superfícies curvas, em lugar das soluções poliédricas comuns na construção civil. Comprara um chassi de DKW como base para construir um carro em de fibra de vidro. Juntos, demos algumas voltas naquele chassi, sentados em uma tábua, pela Tijuca, onde ele morava, e pelo Alto da Boa Vista. Acabara muito amigo de Cristiano Piquet Carneiro. Certa noite, fomos juntos assistir a um filme do Kubrick, Dr. Strangelove, no qual Peter Sellers desempenha três diferentes papéis, em uma pequena sala de Copacabana, cujo nome não lembro mais. Nos divertimos com o filme de humor negro, onde um general mentalmente desequilibrado desencadeia um caminho para o holocausto nuclear, que uma sala de guerra cheia de generais e políticos tenta freneticamente parar¹, apesar da tensão existente na época em torno do desastre nuclear. Depois do cinema, Cristiano me levou para casa em seu novo automóvel, um fusca branco. Cedera, afinal, ao "bom senso", ele que tivera, antes, um MG, inglês, cheio de charme. Na porta de casa, ficamos ainda um bom tempo a conversar sem sair do carro. Por fim, ele foi para sua casa na Tijuca. Ventava e chovia fino. Na manhã seguinte, fui acordado cedo por minha mãe que, ao lado da cama, me informou sem rodeios: Cristiano morreu. Morrera em um acidente automobilístico na volta para casa. Pintaram-me alguns detalhes dispersos e imprecisos do acidente. Nunca vi o carro após o desastre nem o local da tragédia. Algum tempo depois, alguns colegas da FAU (eu já estava em São Paulo) completaram o automóvel e o inscreveram num concurso da revista Quatro Rodas, em 1967. Coube-me documentar aquele concurso como repórter fotográfico do Jornal do Brasil. 1 - Sinopse do filme segundo o IMDB. |
Mon, 28 Aug 2017 09:31:21 -0700 (PDT) eu lembro tanto do Cristiano ... sem assinatura Eu também... Mon, 28 Aug 2017 21:10:04 -0300 Adorei! sem assinatura Obrigado. |
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