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Faz de conta
15/09/17
Era uma vez um menino que se achou perdido em uma densa floresta de recordações. Lá, ele se lembrou de sua mãe, sentada ao pé de sua cama a ler, com voz afinada, uma história repetida e certamente melhorada por um escritor brasileiro especialista em corações infantis, Monteiro Lobato. Através de sua pena e ajudado pelo pó de pirlimpimpim de uma certa Fada Sininho, abriam-se as portas da imaginação e cada leitor ou ouvinte era capaz de voar com Peter Pan, Wendy e mais personagens, sem esquecer o jacaré com saudade da deliciosa mão decepada do Capitão Gancho... Perdia-se assim o menino entre imagens resgatadas e capazes de aquecer o coração - ou seria alma, ou seria o quê? -, quando, de um galho mais alto, uma voz o interpelou: "a Vida não mora no ontem e também não está no amanhã" - disse. "Atente a quanta coisa acontece agora ao redor e cada uma é sempre um desafio à nossa compreensão" - continuou a voz misteriosa. Ele levantou o olhar e procurou entre os ramos embelezados pelo contraluz, mas não viu nada nem ninguém a quem pudesse atribuir aquela voz. Encantou-se logo com a transparência das folhas batidas pelo sol com recortes de outras folhagens acima e muito embelezadas em suas transparências proporcionais à idade de cada uma. Estava assim, quando percebeu uma rechonchuda lagarta, decorada com intricados espinhos a lembrarem pequenas "árvores de Natal", mastigando metodicamente a borda de uma folha especialmente linda naquela condição de luz... O menino, primeiro, sentiu pena da planta e pensou consigo: "ela poderia ter escolhido outra folha, já velhinha, quase caduca"... O vigor de ambas, porém, da folha tenra e da jovem mariposa, de repente, mudou sua visão e o introduziu a outros aspectos da vida e ecoou sutilmente as palavras que ouvira sem ter jamais descoberto de quem. |
Fri, 15 Sep 2017 12:10:10 -0300 Muito bom! sem assinatura Obrigado. Fri, 15 Sep 2017 16:08:56 -0300 Que bonito, é autobiográfico? sem assinatura Obrigado. Sat, 16 Sep 2017 19:20:50 -0300 Oba, mais um texto seu... sem assinatura Não consigo fazer ficção... Na verdade, não tenho muita competência nem mesmo para curtir ficção. |
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