basta um clique!
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.
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Fred13/02/04Se um raio ou a velhice escangalhar a tevê fará pouca diferença. Cada vez menos, tenho paciência para os canais abertos e, dos fechados, não tenho a chave. Até os telejornais se tornaram insuportáveis. Como autômato, sempre procuro alguma coisa, sem som. A violação auditiva me parece mais difícil de agüentar que a visual. Pode-se ver de tudo, mas muita coisa me é impossível escutar. Orelhas não têm pálpebras! Outro dia, uma cena me prendeu: num palco típico e vazio, um enorme apresentador, semelhante a um leão-marinho e em vasto terno também marinho, falava a esquálida rapariga loura, coberta em três pontos por sumaríssimo biquíni preto. Ao fundo, numa platibanda do cenário, sorridente rapaz, com um grande microfone, era convocado pelo pinípede - os mamíferos marinhos que incluem focas, leões-marinhos etc. -, provavelmente, a opinar. Colocaram a moça de costas para a câmara, veio o rapaz, colocou-se de um dos lados e, com sua ajuda, em meio a falas e risos, tiraram a parte de cima do maiô da rapariga. Um strip-costas, para quem gosta. Falas e risinhos, mais falas e mais risinhos e a mulher em papel de boneca foi virada, para mostrar seios cobertos com algo entre adesivo e sutiã, que a transformava em um desses manequins de fibra de vidro de vitrine. Uma minúscula alça, de plástico mole e transparente, unia as cumbucas. O rapaz, agora com efetivo ar de vendedor de aspirador de pó, já tinha, em suas mãos, uma outra peça molenga para demonstração... Veja, ilustre espectador, contei, com muito menos detalhes do que gostaria, o que poderia ser um trecho de Fellini... Com som, é pura degradação, insuportável! No dia seguinte, no ônibus, quis o acaso que uma moça, nordestina, com blusa de uma alça só, deixasse à mostra a beirada feia de um adesivo daqueles, um bandeidão peitoral. |
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