|
Imaginação18/8/2004Abreviada e direta a pergunta veio por e-mail, em réplica à crônica de ontem: "vc consegue imaginar como será daqui a sete anos????" Assim, cheia de interrogações. Não, não posso saber, ninguém pode. Mas qualquer um poderia se recolher a seu bar, ainda que imaginário, e torcer para o Acaso lhe servir, em bandeja surrada de metal cromado algum vislumbre à guisa de palpite. Afinal, toda profecia é mero palpite até a consumação de seu tempo. Um vislumbre da alvorada dos anos teen! Buñuel, por exemplo, tinha a imaginação por companheira em "longos momentos de devaneio nos bares", que ele distinguia dos cafés, "raramente falando com o garçom e quase sempre comigo mesmo, invadido por cortejos de imagens que não paravam de surpreender-me." Não caberia, aqui, visão objetiva, o império da razão a negar a surpresa de todo devaneio. Ela me pintaria um mundo ainda mais violento, como num filme de 73: Soylent Green, cujo nome em português não me lembro, e o Internet Movie Bata Base resumuiu assim: "É o ano de 2022... As pessoas continuam as mesmas. Farão qualquer coisa para conseguir o que precisam e elas precisam de SOYLENT GREEN." O filme mostra uma Nova York de prédios-fortalezas, com fossos cheios de jacarés, armas e câmaras e quase como hoje e, as multidões de pobres a viver em favelas e automóveis, inúteis sem combustível... Rejeito essa visão automática e brutal, com homens a caça de fêmeas a pauladas, malgrado o estejamos construindo essa sociedade tijolo por tijolo, a cada dia. Prefiro em meu devaneio um sonho antigo: de que as ondas, como se sabe, se alternam, uma hora vem a boa, depois, tem o refluxo a puxar para trás sem apelação. Passado o recuo em que estamos, meu palpite, é que dentro de um ano, mais ou menos, as coisas começarão a mudar, na essência. Uma turma nova vem aí como uma onda das boas, das melhores. |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior| |
|