Inúteis devaneios
21/07/17
Começa o segundo mês do verão, o segundo mês do inverno, nesta esfera pião a mariposar o Sol com tamanha afeição, ora a volta-lhe o sul, ora, como agora, seus mares gelados do norte com ursos enormes e brancos e renas esgalhadas à serviço de Papai Noel. São ilimitadas nossas fantasias e o Tupi, o Asteca e o aborígene australiano erigiram outras fantasias, e honraram outras deidades, em altares e templos diversos, misturados a uma bicharada diferente também. Seguimos adiante em vertiginosa velocidade nessa órbita quase circular sempre a girar e girar, pião entre piões tantos da imensidão estelar. Não nos tonteia assim girar, não nos enjoa tão rápido viajar. A grande massa planetária nos referencia enquanto Galileu não aponta o absurdo do planeta sustentar-se sobre o casco de quatro tartarugas gigantescas... É tudo maravilhoso demais e tanta perfeição induz a crença no Arquiteto, propõe a ideia do planejador universal, sugere uma inteligência inatingível, onisciente e atemporal, a manifestar nosso deslumbramento diante do equilíbrio assombroso dos astros, da virtude impecável da Vida. Os pombos se enfrentam de frente, asas abertas, sobre o pequeno e estreito topo de muro. O céu azul impecável encima a cena abrigada do sol oblíquo demais nesta quadra. Mais um pouco e vão-se os colombinos em voos firmes, com ela segue a possibilidade de novos columbídeos. Seguiremos em nossa rota, a girar e girar, dia após dia, humanos como somos com nossa aparente permissão de romper o equilíbrio que tanto nos fascina. Seguiremos até o outono, a colorir o norte de forma espetacular, até a primavera a encher de folhas tenras e transbordamentos hormonais o sul e a vida vai se preparar para a pausa do inverno, de um lado, enquanto se encherá de cantorias e disputas pelas próximas gerações do outro. |
Sun, 6 Aug 2017 12:42:29 -0300 Que maravilha os seus... devaneios. sem assinatura Vou me esforçar para viajar mais amiúde... |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior|