Infiltração, este o termo outrora usado para designar o montão de nuvens soprado do mar para o continente. É óbvio, as nuvens e o ar úmido com elas infiltrado quase nunca atingem lugares distantes do cobiçado litoral. Viva Piracicaba com seu sotaque e suas pamonhas, viva Bauru com seu sanduíche embora estrangeiro, viva Taquaritinga e as mil cidades paulistas livres desse clima 'da garoa' ótimo para fabricar florestas, mas insuportável, pelo menos para mim.

Da cidade maravilhosa chega a informação em resposta a minha pergunta se estava frio: "bem frio, na minha varanda: 20º". Ora, só declaramos bem frio vinte centígrados quando está úmido demais ou com muito vento ou ambos. Criou-se, por isto, a "sensação térmica" e algumas equações para a calcular. A solução, sem dúvida, seria virar-nos mais para o sol, o que só acontecerá a partir de meados de setembro, culminando no solstício de dezembro, no dia 21, quase 22 pelo horário universal.

Hoje, contudo, o sol comparece desde cedo e seca um pouco o clima quase líquido desse canto outrora isolado e, neste dia, particularmente barulhento sob a batuta do trator já mencionado da última vez, impõem-se sem 'pálpebras' auriculares buzinas, cachorros, aviões e eventuais helicópteros a apagar pios e a guizalhada já escassa pela estação.

As informações da meteorologia mostram uma região no meio do Atlântico, mais ou menos na altura do Uruguai, de baixa pressão aparentemente a sugar uma nova frente fria que, sem ela, viria logo para cá. Por isto se anuncia para o final de semana, começo da próxima, temperaturas de 28 centígrados em São Paulo e 30 no Rio de Janeiro.

Talvez se trate de um sintoma do alardeado 'aquecimento global', talvez não passe de peculiaridade deste inverno, ainda longe de acabar, com cara de verão.