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Ludus27/03/02Ludus Primus, Ludus Secundus, Ludus Tertius... não, dona Sabrina, não há engano, é esta página mesmo. Apenas voltaram-me, como restos que o mar devolve à praia, os nomes dos livros de latim do ginásio, coisas dos anos cinqüenta - tanto o latim como o ginásio. Ludus é jogo, brincadeira, divertimento. Nada errado, é o tempo que boquiabre o pessoal. Ah, os tempos ditosos perfumados por mangas e pitangas, que Casemiro lamentou se perderem para sempre no ralo da seta inexorável e irreversível, sem replay, pausa, nem efeitos especiais. O jovem ator me conta que acaba de fazer uma peça no Rio. Fala extasiado da beleza carioca e, quando digo que, sim, conheço o teatro João Caetano, o velho João Caetano, como é velha toda imagem do Rio que ainda resta em mim, ele se apressa em afirmar que esse antigo Rio era mais bonito ou melhor... Primeiro, como o pode saber? Não creio que tudo sempre piore. Muita coisa mudou para melhor. Muito ficou na mesma, em nada mudou - o homem, por exemplo. Talvez a maior mudança, ou a mais importante, tenha sido na quantidade de gente. Mudança que explica e provoca outras mudanças, boas e ruins. Em 1950, havia no mundo 2 bilhões e meio de pessoas. Em outubro de 99 o mundo celebrou a marca de 6 bilhões. Aquelas 2,5 bilhões de pessoas fizeram outras 3,5 bilhões em menos de 50 anos! Todavia, o mundo continuou do mesmo tamanho, com as mesmas praias, os mesmos rios, as mesmas matas, o mesmo mar.
Cada época tem seus encantos e mazelas. Quando nossos narizes não eram agredidos por gases de escapamentos, arriscávamos nosso pé a cada passo, em cocô de cavalo fresco misturado à urina dos garbosos motores de carruagens, charretes, carroças e tílburis. Sem falar das moscas, atraídas pelo cheiro. Hollywood ou a novela das oito nunca mostram todas as facetas. Como na vida, o mais difícil sempre é conseguir ver o todo. |
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