desenho de Lu Guidorzi
basta um clique! 

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a se perder como o berro da vaca, que todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

 

A Lusitana

10/02/00

"aspas"

Mulher - o meio é a mensagem.

Millôr Fernandes, Millôr Definitivo, a bíblia do caos - 8 ed. Porto Alegre: L&PM, 1996, pág. 319


Houve mudanças, muitas mudanças, por aqui. Pois é, dona Sabrina, como diz aquele amigo, o mundo gira e a lusitana roda... Vão dizer que só me ocorreu o slogan porque falo de mudanças. Essa gente... Taí - as gentes é que são o problema. Passados tantos milênios - não, querida, não foram só dois não senhora, mas deixa pra lá - depois de tanto tempo, a qualidade de vida piorou muito, segundo ongues que fazem dessa bandeira seu meio de vida - o ar está difícil de respirar, a água com mais bactérias e coliformes fecais que átomos de hidrogênio, a camada de ozônio foi para o beleléu, o alimento só consegue chegar à mesa sem fungos, insetos, larvas, vermes e outros bichos que compartilham nosso paladar, envolto em espesso manto de venenos, conservantes, e aditivos vários. Tudo ficou contaminado e por aí vai. Apesar de tudo, nossos tatatatararatatarataravós, aqueles que são seus e meus avós, porque viveram lá no começo do mundo - sim, o Planeta já era velho, mas tudo é jeito de dizer. Margarida dizia no começo do mundo para se referir a sua infância! A Margarida de Minas, não a do Fausto - mas, dizia, naquele tempo o mundo era tão pequeno, ou melhor: tinha tão pouca gente que toda a merda da humanidade dava, no máximo, para poluir umas cavernas, se tanto. Aqueles avós comiam tudo 100% natural, não tinham automóvel nem computador nem televisão nem supermercado nem nada. Precisavam fazer aeróbicas e vários exercícios físicos todos os dias além caminhar longos caminhos, para ter com que matar a sede e a fome. Esses caras, parece, porque nenhum sobreviveu para confirmar, parece que tinham uma vida média aí de uns 35 anos, mais ou menos, em vez dos 70 ou 80 que se apregoa hoje. É por isso, querida loira, que repito: gente é tão difícil de entender. Há mesmo muita mudança. Algumas assustam, como a ... bem, deixa pra lá. Não era nada disso que eu ia falar. Fica pra outra vez.

slogan que se lia nos caminhões de mudança da Lusitana   volta

 

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O gavião