desenho de Lu Guidorzi
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berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

Mais azul

03/10/00

"aspas"

"A vida só gosta de quem gosta dela."

João de Barro, o Braguinha, no programa Ensaio, da tevê Cultura, de S. Paulo.


surpresa é surpresa

Límpida manhã de sombras nítidas e luz oblíqua. A luz dourada torna o céu um pouco mais azul. Todavia, nem de longe iguala os azuis de abril e maio.

De qualquer modo, uma nota radiofônica me sugere não ser de todo absurdo supor que o céu fosse mais azul há meio século. Sempre volta a impressão: o azul da infância era mesmo mais intenso.

Diz a notícia que astrônomos apontam outra "espécie ameaçada de extinção": as estrelas! Não é uma previsão de hecatombe final, do fim dos tempos. Apenas de que, se continuarmos a iluminar nossas ruas, praças, jardins públicos e domésticos com a mesma fúria, acabaremos por apagar estrelas e planetas, a névoa quase mágica da Via Láctea.

Uma imagem de satélite, explica melhor do que "mil palavras":

Sudeste do Brasil - à noite

No centro, está São Paulo e seus arredores. Logo abaixo, se pode ver Santos. A noroeste, Campinas e região. A Dutra é nitidamente marcada pelas cidades à margem e conduz à outra mancha grande: o Rio. Destacam-se, ainda, Belo Horizonte, acima do Rio, Vitória, a leste de Belo Horizonte, Brasília, no alto da foto e, ao sul, Curitiba e Porto Alegre.

Toda essa luz "escapou" da Terra e chegou ao satélite. É muita luz. Antes de chegar às lentes, no entanto, atravessou a atmosfera e iluminou o ar, que já não é tão transparente quanto se poderia desejar... Esses holofotes cada vez mais poderosos sobre a atmosfera, junto com a poluição, apagam as estrelas.

Ouvi, desde pequeno - filho de um astrônomo amador -, que a luz de fósforo, a sei lá quantos quilômetros de distância, pode estragar a foto de regiões remotas do céu, feita por poderosos telescópios. Um fósforo apenas e a quilômetros do telescópio!

Pois bem, aquela imagem só dá uma pálida idéia da fúria feérica com que se ilumina nossa atmosfera. Nessa outra, é possível comparar o brilho das "estrelas" dos homens ao sul e ao norte do equador. Pena que essas estrelas apaguem outras para os nossos olhos.

mapa-- mundi [foto, noturno]

 

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