Me dá um dinheiro aí

18/08/99

 

Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí...

A marchinha de velhos carnavais ecoa eterna na boca mole do governante... mas nem é preciso cantar - a cantada só se faz necessária para obter com consentimento e, aqui, o próprio nome o diz, é imposto!

A leitora detesta números. Não é rara essa aversão nem nos cabe especular sobre sinapses e sexo. Procurei a forma mais simples e agradável para dizer o que só os números deixam preto no branco, apesar das cores. É uma conta banal, uma divisão.

o resto é zero

Eliminados os zeros, (dividindo ambos os membros por 10.000.000, diria meu pai) se reduz a dividir 1800 por 16. Dá 112 e meio, resto zero, que esqueci de indicar. Você pode estar se perguntando que número é esse, porque ele está aí. Ora, é simples, é quanto cada um dos 160 milhões de brasileiros precisa desembolsar para pagar a dívida que os com muita terra assumiram com os pobres bancos e não querem pagar. Só.

Ou seja: urubus, chacais e hienas disputam o fígado de Prometeu! O doutor de tantos canudos, daqui e d'além mar, sociólogo que disse, mas não queria dizer, há alguns meses se punha contra um aumento de oito reais no salário mínimo. Para ele, 130 era mais do que bom. Agora, tem os banqueiros de um lado e os com muita terra do outro, com alguns tratores e caminhões no meio do caminho.

Já se sabe que banqueiro não perdoa dívida, pois o os bancos vivem de torná-las semelhantes ao câncer e, se possível, eternas, pois dependem do corpo que aniquilam para alimentar as células do tumor. Os herdeiros de capitanias têm o hábito de pagar as suas e, desde sempre, se habituaram a ver bandeiras servirem "a um povo, de mortalha".

O que você acha de contribuir com 112 reais e 50 centavos para o festim dessa corja? O governo, você sabe, nem precisa pedir, você nem mesmo ouvirá cantada...

Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí...

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