detalhe de desenho de Anucha

(de esporadicidade imprevisível)

 

Memoração

09/03/18

O tempo escorreu na ampulheta imaginária de nossa fantasia. O mundo mudou e mudamos nós. Um texto publicado nesta data, em 1999, prenunciava a iminente redução destas crônicas a menos da metade de seu tamanho original. Ele começava apontando se divulgar aqui a voz de um velho, agora, com 19 anos a mais.

Seguia a mencionar nossa única certeza absoluta, a do término de toda vida, de seu inexorável ponto final e se desgarrava em especulações sobre o desejo e seu término com a velhice e outras bobagens fluentes ao correr da pena, pena apenas devaneada no fluxo palavroso de alguém a almejar mais do dobro do que se publica aqui.

Aproveitava para mencionar já terem sido chamados, nos primórdios, os computadores de cérebros eletrônicos, muito antes de se começar a falar de inteligência artificial e tentava, por fim, esboçar os caminhos tortuosos e desconexos a encadear tudo dito anteriormente.

Era a centésima trigésima oitava crônica. Entre aquela e esta foram mais de 1500. O sítio do clode dava então seus primeiros passos. As possibilidades de inter-relacionamento pessoal através da internet também ensaiava suas primeiras alternativas. O iPhone só apareceria dali a oito anos, em 2007.

A voz daquele velho, hoje com 74 anos, busca ainda a perspectiva privilegiada de um ponto de vista abrangente, uma visão global, uma compreensão isenta da miopia inevitável quando se é, ao mesmo tempo, agente e paciente.

Na crônica de 19 anos atrás, queria conhecer as preferências das leitoras e dos leitores, cuja existência dizia não acreditar. Hoje, deixo a cada um a eventual iniciativa de se manifestar.

Apesar de tudo, de vez em quando me agrada reencontrar um texto velho, malgrado sua forma de uma fôrma polida e modificada pelo passar do tempo. Enfim chegamos aos 1800 caracteres (com 290 palavras).

 

Sat, 10 Mar 2018 17:28:43 -0800 (PST)

esse desenho lindissimo eh da Anucha?

vc sempre procura chegar a 1800 caracteres?
bjs

      sem assinatura

Sim e sim.
O desenho é um detalhe de um desenho de Anucha. Se você clicar nele poderá ver o desenho inteiro, feito num pedaço de papel vagabundo de pouco mais de dez centímetros.

Padronizei mais ou menos este tamanho pouco depois da crônica referida nesta, a de 1999.


Thu, 7 Jun 2018 18:45:17 -0300

Querido Clode

Eu havia escrito uma resposta após ler uma de suas crônicas: "Memoração, 74 anos!" E, depois de ler a de hoje, lembrei-me tê-la deixado no rascunho. Então aí vai, fora do tempo...

Também eu os tenho (74 anos) e me assustei quando um amigo de nossa geração - G. dos nascidos entre as grandes guerras -, nestes dias, me disse: "tenho mais passado do que futuro", fragmento do texto de Mário de Andrade "O valioso tempo dos maduros". E, hoje, lendo sua crônica, me pergunto: quantos anos mais estarei por aqui? Tantas coisas que deixei pra fazer depois, terei tempo para realizá-las? (...)

Devia ter enviado essa resposta em seguida à leitura pois, embora tenha pensado ser seu escrito de há pouco, descobri no resumo de seu sítio que a crônica era lá de março! Não conseguimos mais ter noção do passar do tempo. Logo no mês que vem completarei 75 anos! Nossa, é muita coisa!

E, na certa, parafraseando o poeta, "tenho muito mais passado do que futuro" mas é preciso ter em minha mente que "o essencial faz a vida valer a pena". E, como você diz na crônica de hoje "Pinguim Imperador", "a vida é bonita, é bonita e é bonita".

Bjs da Vera

Oi, Vera.

Parabéns antecipado pelos 3/4 de século!

Agradeço pelo envio de sua lúcida resposta ainda que algum tempo depois. Não conhecia o texto do Mário de Andrade. A graça está em não sabermos quanto tempo mais estaremos por aqui. Sempre nos parecerá ter deixado para trás muita coisa sem fazer, mas não existe nada além de nosso desejo a nos obrigar a fazer coisa alguma... (Acabo de dizê-lo e me vem a dúvida: será?) De todo o modo importa o que foi feito, o realizado.

|home| |índice das crônicas| |mail|  |anterior|

2458186.98196.1695