Molécula
02/07/18
Uma das mais remotas lembranças, e por isto mesmo não saberia dizer minha idade então, é da palavra molécula, assim mesmo, solta e sem qualquer significado para mim, apenas a palavra com seu som marcante e proparoxítono. Explico: morávamos em uma casa "assobradada" sobre um porão habitável com um pé-direito de apenas dois metros, onde funcionou durante toda minha infância o Curso Kubrusly, precursor dos preparatórios para o exame vestibular, no seu caso, às faculdades de Arquitetura e Engenharia.
Ali, dia após dia, turmas de jovens se reuniam para ouvir as lições de diferentes professores, meu pai ensinava Matemática, meu tio Antônio, Física, Química era dada por um tal de Bahiana (não sei como se escreveria seu sobrenome), Desenho pelo Riguetto (idem) e assim por diante. Acima, em casa, podíamos ouvir, em parte, as lições e o mais marcante delas, para mim, era, sem dúvida, aquela palavra estranha e pronunciada com muita ênfase pelo professor Bahiana: molécula. Hoje, a lembrança me volta talvez por estar lendo, com muita satisfação, "A Dupla Hélice - como descobri a estrutura do DNA", de James D. Watson. É um livro fascinante a desnudar quão "demasiado humanos" somos todos, inclusive os cientistas laureados com o emblemático prêmio Nobel. A história do desvendamento da mais importante molécula da Vida me arrebata. Ela está nos primórdios do princípio da perpetuação das espécies e as peripécias do doutor Watson e seu colega Crick são cheias do melhor suspense e narradas por uma mente brilhante. Tudo começou com o livro de Paul Strathern, "O Sonho de Mendeleiev", onde o autor delineia com riqueza de detalhes os caminhos da evolução do conhecimento a levar da Alquimia à Química. Apesar do tema é, no fundo, um livro de História e, a partir dali comecei a buscar mais informações. |
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