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Motor e combustível

29/12/15

Elas vinham em animada conversação. Falavam e andavam e, de longe, se via o entusiasmo e eloquência próprios da juventude sublinhados na gesticulação. Andavam rápido, no ritmo dos tempos modernos, como se estivessem atrasadas para algum compromisso. Em sentido oposto, seguia com mais vagar, num ritmo antigo, em peripatético perambular. Ao nos cruzarmos, a frase se destacou, clara e inteligível: "ela esquece que o mundo hoje é movido a internet". Passaram e mais não ouvi. O trecho eleito pelo acaso, porém, veio a calhar.

O final do ano traz profetas, adivinhos, haríolos e videntes a jogarem seus dados em hipotético desvendar do futuro, buscam antever o ano nascedouro, como sempre na passagem de dezembro a janeiro. (Em outros tempos e para outros povos ainda hoje, o zero do calendário tem outra data.)

Há mais de meio século, o "profeta" Marshall McLuhan anteviu com acerto um planeta cada vez mais "aldeia global", a universalizar soluções e problemas em meio ao turbilhão de crescimento da população. (Como disse a amiga, "o Homem foi feito para se reproduzir").

Outros agoureiros, no entanto, irão predizer isso e aquilo para 2016, ao sabor de dados e maior ou menor perscrutação do inconsciente comum, esse pedaço de todos, fruto do passado e da cultura. Apontarão fulano, beltrano e sicrano como fadados a morrer no período ou anunciarão tremores de terra ou vulcões ou outras tragédias aqui e acolá, quiçá se aventurarão em temas da política em voga ou falarão de sucessos e reveses nas vindouras Olimpíadas e no futebol. Um ano acaba, outro começa e as previsões são logo esquecidas.

Nos anos oitenta, início dos noventa, nenhum adivinho foi capaz de prever a grande revolução por vir e fazer dos dias atuais um mundo efetivamente movido a internet, como salientou o acaso naquela frase perdida.

Nota: Ouvi outro dia sobre a criação, não sei por quem, de um "aplicativo", inspirado no Uber, com o fito de aproximar os banhistas
das areias cariocas dos eternos vendedores de água, mate, biscoitos Globo e outros regalos quase centenários nessas praias.

Tue, 29 Dec 2015 14:37:45 -0200

Gostei, principalmente do começo. Como você descreve bem!!! Locais, fatos, situaçõs, lugares, o clima e tudo. Eu colocaria uma vírgula em
todos, fruto

e tiraria de


dias atuais, um mundo

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Vou corrigir. Muito obrigado pelo valioso copi.
Na verdade, vale o começo e a frase. O resto é enrolação.


Mon, 11 Jan 2016 20:02:56 -0200

Não, decididamente o homem não consegue prever tudo que imagina, né?


Gosto bem dos seus textos, Mermão

bjo

      sem assinatura

Nem imaginar o seu futuro, né. Olha os Jetsons - necas de internet ou algo parecido!

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