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Opinião27/8/2004Hesito, há dias, em dizer o que direi. Para me calar, para me fazer recuar, há muitos e bons motivos. De cara, implicaria em juízo de valor, em tomar a si, pelo menos o lugar de um Salomão, senão de corte mais alta e mais, o tema implica em falar de política e já disse aqui não me envolver com esse bando de oportunistas que se assenhoreia do poder e o galopa como cavalo de bandido, roubado para fuga, nos bons faroestes. Seja como for, que seja. O que quero dizer é que aquilo que chamam de ética, o comportamento exemplar do indivíduo, a consciência de si, dos outros e da situação e uma ação justa como conseqüência, não depende de erudição nem se aprende nos livros ou na academia. Estão aí os banqueiros para comprovar o que digo: os melhores pagadores, via de regra, são os mais humildes, os mais pobres. Uma das pessoas mais correta que conheci, com um senso de justiça inquebrantável, não tinha curso superior, só falava português e volta e meia o fazia à revelia das leis dos gramáticos e academias. De outras, cheias de saber e transbordando citações, não posso dizer o mesmo quanto à lisura de algumas de suas posições. Não há como não quedar pasmo, perplexo, diante da sucessão de violações éticas graves dos atuais dirigentes do país. Logo eles, que sempre se pavonearam como bastiões da moralidade, gargantearam e brandiram slogans contra qualquer deslize, a mínima suspeita etc... Hoje, quem não é governo ou dele se locupleta estranha o sucessivo adiar de explicações sobre um rol imenso de acusações e fatos imorais. Estranha, também, o estardalhaço de ações intempestivas, que apenas servem, em verdade, para deixar tudo como está. E mais estranham a aparente volúpia da ditadura. Digo que as pessoas se espantam com tudo isso, acham estranho. Cada um, todavia, é que sabe de sua opinião. |
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