Outra nuvem
17/07/17
Descrevi, ao longo de todos esses anos, inúmeras nuvens de diferentes aspectos e colorações. Elas me atraem, sejam as semelhantes a finas lâminas luminosas, dos ocasos e alvoradas ou as volumosas quase negras a tornarem o dia em noite nos preâmbulos das grandes tempestades. Cada uma tem seu encanto. Hoje, todavia, trato de outra nuvem, desconhecida e meio imaterial para mim, mas cuja realidade se manifesta cada vez mais.
Até mesmo os quitandeiros do Maranhão ouvem falar dessa outra nuvem, carregada de infindáveis inutilidades e de muita coisa útil produzidas pelos artefatos eletrônicos que se apossaram de vez de nossas vidas. São bilhões de fotografias a cada dia, filmes encantadores dos primeiros passos do bebê ou da saída da vovó do hospital, além dos de suas entranhas, produzidos ali por seus cirurgiões, textos descompromissados e fúteis publicados em "perfis pessoais", reportagens e até mesmo segredos de Estado criptografados, tudo e muito mais dorme na misteriosa nuvem, nas entranhas de algum computador em alguma parte, eventualmente disponível através da intrincada estrutura de interligações. Este ser imenso, quase imaterial, batizado de Nuvem, é referido amiúde por jovens com muita intimidade. Aos quinze anos, entrei para a Escola Nacional de Belas Artes, defronte à Biblioteca Nacional. Com vinte e dois, trabalhei defronte à Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Passava todos os dias pelos dois imponentes monumentos ao Livro, e costumava pensar na impossibilidade de ler tudo até então publicado mesmo se dedicasse a vida apenas à leitura; e sabia sempre se publicar mais. Hoje, a computação em nuvem se agiganta e encerra, entre trovoadas e relâmpagos, uma espécie de biblioteca universal, provável sonho de muitos bibliófilos e parte importante do inconsciente coletivo. Observação: A fotografia acima está na "nuvem" e não junto com a página. |
Mon, 17 Jul 2017 09:45:16 -0300 querido clode sem assinatura Merci. Mon, 17 Jul 2017 09:29:46 -0700 (PDT) adorei! Que bom! Sun, 6 Aug 2017 12:10:21 -0300 Ei ei, hermano... sem assinatura Olá! |
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