fotografia: Mima Kubrusly

Outra nuvem

17/07/17

Descrevi, ao longo de todos esses anos, inúmeras nuvens de diferentes aspectos e colorações. Elas me atraem, sejam as semelhantes a finas lâminas luminosas, dos ocasos e alvoradas ou as volumosas quase negras a tornarem o dia em noite nos preâmbulos das grandes tempestades. Cada uma tem seu encanto. Hoje, todavia, trato de outra nuvem, desconhecida e meio imaterial para mim, mas cuja realidade se manifesta cada vez mais.

 

 Pôr do sol em Porto Covo, Alentejo, Portugal.
da Wikipedia: Pôr do sol em Porto Covo, Alentejo, Portugal. ver no tamanho original

Até mesmo os quitandeiros do Maranhão ouvem falar dessa outra nuvem, carregada de infindáveis inutilidades e de muita coisa útil produzidas pelos artefatos eletrônicos que se apossaram de vez de nossas vidas. São bilhões de fotografias a cada dia, filmes encantadores dos primeiros passos do bebê ou da saída da vovó do hospital, além dos de suas entranhas, produzidos ali por seus cirurgiões, textos descompromissados e fúteis publicados em "perfis pessoais", reportagens e até mesmo segredos de Estado criptografados, tudo e muito mais dorme na misteriosa nuvem, nas entranhas de algum computador em alguma parte, eventualmente disponível através da intrincada estrutura de interligações.

Este ser imenso, quase imaterial, batizado de Nuvem, é referido amiúde por jovens com muita intimidade. Aos quinze anos, entrei para a Escola Nacional de Belas Artes, defronte à Biblioteca Nacional. Com vinte e dois, trabalhei defronte à Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Passava todos os dias pelos dois imponentes monumentos ao Livro, e costumava pensar na impossibilidade de ler tudo até então publicado mesmo se dedicasse a vida apenas à leitura; e sabia sempre se publicar mais.

Hoje, a computação em nuvem se agiganta e encerra, entre trovoadas e relâmpagos, uma espécie de biblioteca universal, provável sonho de muitos bibliófilos e parte importante do inconsciente coletivo.

Observação: A fotografia acima está na "nuvem" e não junto com a página.

Mon, 17 Jul 2017 09:45:16 -0300

querido clode
adoro tuas escrivinhanças!

      sem assinatura

Merci.


Mon, 17 Jul 2017 09:29:46 -0700 (PDT)

adorei!
sua fotinho (eh recente, ne?)
a foto do super por de sol
os quitandeiros do maranhao (Ah, q saudades)
seus primeiros passos em frente a bibliotecas
e a nuvem, a cloud, onde tudo "vive"
bjs
Maren

Que bom!

A fotografia foi feita pela Mima, na casa da Ilana, quando nos encontramos com o mano.

A fotografia do por de sol feita com teleobjetiva foi usada apenas para mostrar na prática os efeitos da nuvem...

É difícil mesmo encarar a efemeridade da vida. Mais difícil do que se ajustar às novidades dos novos tempos...


Sun, 6 Aug 2017 12:10:21 -0300

Ei ei, hermano...
Aqui estou em São Paulo, na minha especial casa de três andares, com a queria Bia, ambos digitando, uma em frente ao outro, e.... digitando digitando sem parar. Dessa vez, lá vem você com o nosso universo.... digamos. Você sempre foi ligado nesse legado. Sou mais humilde (kkkkkk!).
Mas... essas lembranças de São Paulo estão totalmente encravada em mim, pois estou em São Paulo faz muuuuito tempo. E gosto bem dessa cidade --- não que não goste do Rio. Mas, definitivamente, virei paulista. E me sinto bem assim, faz tempo.
E hoje você começou falando dos quitandeiros do Maranhão, o que nos remete ao Pai. E eu, definitivamente virei Paulista e me sinto bem assim. Verdade.
E vamos, todos, então, navegar em nuvens passageiras... ou não, né?
Bom Sol por aí.

bjos

o outro

      sem assinatura

Olá!

Por meu lado estou no apartamento que conheceste, também teclando, diante do monitor. Coisas das tecnologias desse tempo...

Desta vez não falava das nuvens de vapor d'água, mas daquelas mais misteriosas que guardam nossos arquivos e ferramentas para os manipular. Nada sei deste universo.

Também me sinto muito mais paulista do que carioca. Foram 48 anos e nove meses de São Paulo. No Rio só vivi 25 anos...

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