'Meu primeiro desenho' by  Anucha [1991]

 

Palmas para o apanhador

17/03/17

Indubitavelmente algo incomum se passava naquele movimentado cruzamento da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a rua Belfort Roxo, junto ao Lido carioca, pois muita gente se aglomerava em três das quatro esquinas, todos a olhar fixamente para a quarta esquina.

A ação se dava sobre a marquise a contornar o prédio da esquina. Antes, assinale-se o sorriso, o riso, a alegria patente nos rostos dos observadores atentos, hipnotizados pela perseguição sobre a marquise.

Ali, um jovem esguio e negro, bem alto, de calça e uma camiseta vermelho desbotado, tentava se aproximar de um pequeno cão, preto e amarelo, usando um suporte para guia a lhe abraçar o tórax, que latia veementemente para o rapaz e estava muito exitado.

a marquise - imagem do Google Maps
a marquise - imagem do Google Maps

Inúmeras vezes O cachorro driblou seu perseguidor e depois fugiu para longe. A cada escapada, a "torcida" se manifestava com risos, provocações e um ou outro desaforo. O lado jocoso da cena propiciava um ambiente de congraçamento e os presentes comentavam e especulavam a respeito.

Da marquise para o teto de uma banca de jornais se estendia uma escada de madeira a explicar como o homem chegara lá, mas não o mistério de como o cão parara ali. Nela, outro homem aguardava...

O caçador apareceu com um pano preto e com ele tentou cercar o cachorro, mas este sempre escapava das sucessivas tentativas. O povo se divertia. Passei a olhar mais a alegria nos rostos em vez das peripécias na marquise. Quando observava uma senhora de cabelos muito brancos, com largo sorriso a lhe iluminar a expressão, ouvi a plateia irromper em aplausos. Todos batiam palmas entusiasmados.

Olhei para a marquise e vi o rapaz que estava na escada, mais baixo e franzino a caminhar com o cachorrinho no colo, seguido pelo outro, no rumo da escada. Findos os aplausos, começou a dispersão, inclusive nas janelas da vizinhança.

Fri, 17 Mar 2017 12:14:44 -0300

Muito bom!!          

          Me senti na cena; tão real que quase perguntei a alguém como o cachorro
          foi parar na marquise.
          Bj

      sem assinatura

Infelizmente, não saberemos como um cachorro foi parar em cima de uma marquise, por total inaptidão jornalística de minha parte. Fosse meu irmão ali, não apenas saberíamos como o cachorro fora parar na marquise, como provavelmente um rol de outra histórias relacionadas ao animal e seus donos, etc.. Desde jovem percebi não correr em meu sangue o ânsia de questionar fundamental ao verdadeiro repórter.

Obrigado.


Fri, 17 Mar 2017 14:22:42 -0700 (PDT)

eh gostosa essa alegria q surge do congracamento expontaneo de pessoas q nem sequer se conhecem ...

      sem assinatura

Sem dúvida!

Poderíamos viver em uma sociedade onde isto fosse muito mais corriqueiro, onde não corrêssemos tanto, absorvidos com probleminhas gerados pela sociedade que fizemos...

"Amai-vos uns aos outros" só surge em ocasiões assim...


Sat, 18 Mar 2017 00:17:42 -0300

que lindo que lindo que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
você tem o dom do teletransporte, meu irmão: pena que não consiga usá-lo consigo mesmo pra vir aqui comer pão Pinheirense com manteiga e lima da pérsia descascada pela sua diligente irmã, cortada gomo a gomo.
Como que eu sei? você me teletransporta pra Copacabana, pra marquise, pra esquina, pra perseguição ao cachorro, pra onde sua palavra me levar.
GENIAL!!!

      sem assinatura

Obrigado por suas palavras cheias de carinho.
Ah, o café da manhã de minha irmã! Irei sem teletransporte, assim que resolver minha situação por aqui.
A cena foi muito boa, eu apenas a descrevi.


Sat, 18 Mar 2017 11:56:07 -0300

Não fez falta a palavra...

      sem assinatura

Eu tinha de dar um jeito, né?

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