|
Pele3/9/2004Faltam dezenove dias para a primavera. Há algum tempo, aqui, as árvores decretaram a sua e botaram folhas, flores, frutos, segundo a espécie, pois são os trópicos, onde se tropeça na linha de Capricórnio e a Natureza não respeita o que disse a professora sobre o outono, estação onde as folhas caem ou ser o inverno a que deixa galhos nus e pastos despidos ou a primavera a que explode flores e folhas novas. O verão, já se sabe, é sol a pino e muita água. Torós, se bem que não se avisou sobre as intempéries da estação... Faltam dezenove dias para a primavera. Quer dizer, ainda é inverno apesar dos dias encantadores, com temperatura que chega e ultrapassa 30 graus! Guardam-se cobertores e casacos e a pele começa a aparecer. Decotes, tomaras-que-caia, cavas mais cavadas e, como no início dos sessenta, minissaias. Claro, a pele de que se ocupa toda arte do exibir e apreciar é a feminina, macia, perfumada, sem véu islâmico ou qualquer outro e se revela com a sabedoria infinita do quase. Desvendar de chofre toda verdade, como as guaranis aos intrépidos marujos portugueses, "com suas vergonhas tão altas e tão cerradinhas e tão limpas de cabeleiras", põe cabo ao jogo mais infalível e mais antigo, que garante desde os protozoários primeiros o tão salutar embaralhar de genes. No hemisfério norte ainda é verão. Nova York é muito quente no verão e The New York Times on-line, de hoje, traz matéria, com chamada na capa, sobre os problemas que as minissaias muito mini trazem para quem as ousa vestir. A jornalista que assina a matéria diz: "mais de uma dúzia de entrevistadas nunca comentaram com amigas sobre seus problemas com a minissaia no metrô". A primeira frase da matéria dá uma instrução: "Ainda de pé, puxe para baixo tanto pano quanto possível com as duas mãos. Cruze as pernas, dobre os joelhos e se sente." |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior| |
|