Pio, o passarinho
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02/02/00
"aspas"
E lá virá o dia do desengano, em que se acharão com as mãos vazias os que hoje as enchem da substância alheia.
Era uma vez um passarinho. Pequeno, com penas amarelo-vivo no peito e um trinado curto, que repetia sempre por não saber cantar. Pio - assim se chamava o passarinho - se preparava para viajar.
Passarinho quando vai viajar não arruma mala nem mochila. Não compra passagem nem precisa carimbar passaporte. Passa voando de um país para outro e ninguém dá bola. Olhando lá do alto, não se vê nenhuma linha que separe um país do outro.
desenho de Lu Guidorzi
Como Pio não ia viajar dentro de avião, tudo que ele fosse precisar tinha que estar dentro dele, pois não dá para bater asas segurar mala. Por isso preparação para viagem de passarinho se resume a comer e engordar, comer e engordar. O pequeno Pio gostava de tudo: comia bichinhos, desses que a gente quase nem vê, chupava néctar de flores, escolhia uma ervinhas e, se conseguisse uma minhoca, aí era uma festa. Mas era preciso escolher com muito bem a comida, porque alguns bichinhos e certas folhas tinham um gosto horrível!
Uma vez, viu Pio uma borboleta linda borboleteando de flor em flor. Mirou bem, do alto do galho de uma grande árvore e, de repente, desceu como uma flecha. Pegou a borboleta no ar, numa curva arriscada, bateu asas e voltou para o galho com a refeição que acabara de capturar. Tudo muito rápido. Mas quando foi comer o bicho... argh... tinha um gosto horrível! - Que borboleta ruim! - E Pio decorou bem as cores daquela borboleta para nunca mais pegar outra igual...
[continua]
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