Plim-plim!
01/10/18
No princípio a emissora de televisão imaginou-se genial ao sinalizar seus intervalos de propaganda com um plim-plim. Em pouco tempo, o sinal sonoro se tornou atração em si e, de longe, denunciava a emissora sintonizada nas imediações. Isto, no entanto, é passado. Hoje é raro se ouvir um plim-plim ao caminhar pelas ruas como se ouvia antigamente. São tempos de televisão paga, por mês ou per-view. O sinal sonoro, todavia, procriou e se multiplicou cumprindo ordens de marqueteiros e vendedores dos templos da tecnologia da informação e desinformação e, atualmente, em qualquer parte se pode ouvir um rumor quase ininterrupto de plins e ploins e infindáveis variações eletrônicas sobre o tema global. Cada mensagem enviada ao bolso ou bolsa de alguém, por aplicadíssimos aplicativos na faina de nos fazer todos uma só humanidade, uma só família, com um pensar consensual, enfim, o Homem com agá maiúsculo dos pensadores, cada mensagem apita lá de seu jeito peculiar tornando telefones e tabletes uma profusa saparia a coaxar em mi menor. À agressão sonora se somam alarmes vários, espalhados por toda parte, a chamar inutilmente a atenção, seja porque um caminhão dá ré, a garagem expele carros no passeio público ou o assaltante se deu mal ao tentar violar algum automóvel excitante etc.. Ninguém mais se alarma ou liga aos clamores estridentes, venham de onde vier, a buzinar, apitar, imitar sirenes e sereias a cantar. São cantos que não encantam mais. Assim como a luz intensa e profusa das cidades apagou de vez as estrelas do céu, nossa tecnologia cada vez mais "inteligente" extinguiu o silêncio e com ele os momentos de paz. Que importa se o cérebro precisa de escuro e silêncio para se reequilibrar? Paro por não suportar mais o ruído de uma máquina de cortar cerâmica nas imediações. Plim-plim! |
Fri, 5 Oct 2018 21:11:52 -0300 Oi, Clôde Oi, Ana. |
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