Disse outro dia que tropecei duas ou três vezes em ricos na vida. Falava de ricos de verdade, daqueles que poderiam comprar um país, se lhes desse na veneta. Não dona Sabrina, esses que compram países aos pouquinhos e nunca pagam as prestações são políticos, uma outra coisa. São do outro tipo de ricos, justamente dos que queria falar. Deles e daqueles que sonham em ser ricos. Há um sonho adormecido e perigoso no inconsciente das gentes de que o dinheiro pode tudo, de que tudo se pode resolver com dinheiro suficiente. Satanás gargalha para que não pairem dúvidas de que está por aqui... Vai daí que as pessoas começam a achar que podem resolver o que as aflige se tiverem bastante dinheiro. Tudo passa a ser uma questão quantitativa: vou poder curtir meu filho no dia em que tiver isso e aquilo tais e quais condições; vou poder amar minha mulher e minha sogra quando passar a lua-de-mel que sonhei no Havaí e pagar a passagem da sogra pra Teerã; vou ser o melhor empregado do mundo no dia em que puder dizer ao meu patrão tudo que penso dele e, depois, despedi-lo... etc. Vocês não podem imaginar a cara do Diabo!

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