detalhe de foto de  1966Crônica do dia

No fim, cada mania acha seu louco.

Sete de julho

07/07/09

Sete de julho, dois meses antes do de setembro e, contra o azul do céu as folhas verdes e amarelas do liquidâmbar mimetizam algum festival patriótico e tarde ainda, em cada sombra sobram folhas aveludadas pela condensação de gotículas em seus limbos.

Na madrugada, Vênus reinou esplendoroso como estrela da manhã quando a Lua cheia já descambava no poente.

Anuncia-se mais da metade dos seis bilhões e tanto que somos, amontoados nas cidades, formigueiros de gente.

Hoje, o ar está frio e úmido, num dos invernos mais molhados dos últimos tempos, mas o sol, ainda que oblíquo, logo secará a alma e os ares e a temperatura subirá.

Passarinhos pipilam por aqui e, ao longe, cães ladram como de costume. A primeira datura cintila impecável na contraluz. A vegetação se avoluma, exuberante, com a abundância de água.

Os aviões passam de tempos em tempos como afronta ao sossego. Agora, um ronco de motor se impõe ao longe e, mesmo assim, incomoda. A abelha brilha ao sol contra o fundo escuro.

Ouço em mim a leitora a reclamar ação. É muito bonito, diria ela, mas não acontece nada!, reclamaria. Não sei contar história, mas sou um apaixonado pela vida. É uma paixão crescente pela beleza incontrolável no espaço incomensurável dos vastos horizontes ou no minúsculo coleóptero colorido e com suas pintas, a que chamamos joaninha.

Um passarinho, agora, gorjeia, um gorjeio molhado com jeito de conversação. Há um outro pio, uma resposta?

O motorzinho insolente continua lá, no fundo, irritante, se lhe prestamos atenção. Quando o esquecemos, some. O cérebro não é um instrumento de medição.

A leitora imaginaria não terá um assassinato para desencadear uma ficção. Ronca, oblíquo, outro avião. É curioso como, apenas pelo barulho, dá para perceber sua direção. O motor, lá longe, continua sua batição.

liquidâmbar - design. comum às árvores caducifólias do gên. Liquidambar, da fam. das hamamelidáceas, que reúne cinco spp., nativas do Leste do Mediterrâneo, Leste da Ásia, Sudeste da América do Norte e América Central, de valiosa madeira, de onde se extrai resina aromática us. em perfumaria, em incensos e na medicina, e cultivadas como ornamentais, principalmente por suas cores espetaculares no outono 

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