Ela, a pastora de cabras tropicais,
entre galinhas e cocoricares, sorri.
Embaixo, o mar, eterno e repetido,
ecoa seu canto em verdes e azuis.
Urucum das praias, o Sol, cega e
espelha e espalha um sorriso lindo,
de dentes atrapalhados, esparramados,
sorvido pelas areias e por esse olhar,
que só sonha a pastora dos trópicos,
da pele morena, dos olhos de água -
mutantes como a água do mar.
Ela, a pastora de cabras tropicais,
semeia amor, em órbitas imponderáveis,
entre cegos que disputam na poeira,
o brilho da mica e da malacacheta,
reflexo efêmero da estrela maior.
Dias mais longos, céus mais claros,
e é menor a platéia das novelas das oito
e nos shoppings templos o verde do frio,
coberto de algodão, entoa loas de submissão
a outras paragens e vende a "felicidade",
aos bocados, em lojas de departamento.
Ela, a pastora de cabras tropicais,
entre grilos, vaga-lumes e a noite,
entre ventos e chuvas, diz: - é verão!
Resume assim , sem sequer lembrar,
a coincidência de um eixo imaginário
com outro, o maior, da elíptica órbita
onde o pião azul, vestido de nuvens,
namora pra sempre sua estrela, seu Sol.
O solstício de verão ao sul do equador
anuncia em todas as nets, em manchete,
que, na conta dos homens, já explode o ano
de mil novecentos e noventa e sete!
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