Publicação esporádica para se perder como inútil mugido de vaca.

Tempo de fuzarca

08/02/16

Pessoas fantasiadas ou com enfeites baratos, a assinalar a condição de folião, caminham ou se amontoam nas calçadas. Muitos bebem, mesmo na manhã fresca. A cena evoca um carnaval dos anos sessenta, meu primeiro em São Paulo.

Cheguei à capital paulista no final de 65. Veio a terça-feira gorda, 22 de fevereiro do ano seguinte, mas a véspera, a segunda-feira de não carnaval me assombrou. Embebido ainda nos costumes cariocas, ver o comércio a todo vapor, a vida ativa e plena pelas ruas, as lojas cheias e, se bem me lembro, até cartório aberto. Foi grande meu espanto - tudo como em qualquer segunda-feira, sem um reco-reco!

Apesar de perplexo então, nos anos seguintes testemunhei a progressiva carnavalização da pauliceia, a fazer feriado também a segunda gorda e replicar mais e mais costumes e ritos do carnaval carioca.

Hoje, passado meio século, me parece mais espantosa a mudança na perspectiva do tempo. Cinquenta anos mudam o ponto de vista e do novo patamar se vê de outro modo meio século. Tempo - dimensão física e psicológica!

Nas madrugadas Júpiter escandaliza com seu brilho o céu. Atualmente está cerca de 700 milhões de quilômetros de nós (quase cinco vezes a distância do sol). Sua luz viaja mais de meio minuto para chegar aqui. Tempo, tempo, tempo! Sempre a me surpreender.

Tempo a contrastar o hoje com imagens imprecisas dos carnavais da infância, cheios de confete, serpentina e lança-perfume, mas em uma cidade diferente, com apenas uma fração dos atuais moradores. Tudo muda e na régua do tempo se mede a diferença.

Por toda parte se repetem marchinhas de outros carnavais: "mamãe eu quero...", "tomara que chova três dias sem parar", "oh, jardineira...", "ei, você aí...", "foi numa casca de banana...", "o teu cabelo não nega, mulata...", "você pensa que cachaça é água" e muitas, muitas outras.

Mon, 8 Feb 2016 21:39:06 -0200

Mais uma vez, muito bom reencontrar as coisas dantanho...
Pelo seu jeitinho manêro, você aparece por aqui pra fala de Júpiter.. Em meio minuto dá uma chegada aqui vindo de Júpiter num estantinho. Pressiionante... E eu por aqui escrevendo sobre carnavais... Mas bem que ainda gosto de Carná.... talvez desdo tempo em que eu pedi aos pais que queria desfilar de roupa de mulher.... kkkkkkk!!! muito engraçado....
O mundo é vário... felizmente.

Respeitosamente, viva Mermão!

Lembro-me bem de você fantasiado de havaiana, mas só soube de seu pedido já adulto...
Lembro-me bem, também, dos bailes do Piraquê e do Caiçaras... mas acho que nunca gostei mesmo de carnaval.


Wed, 17 Feb 2016 16:58:02 -0200

muito bonita a sua fuzarca. também me espanta ver São Paulo querer virar Rio ou ainda mais Salvador, com blocos enchendo as ruas, carros de som a todo volume, ainda depois de o Carnaval acabar. E o pior: da Vila Madalena, se embrenham ladeira abaixo e vêm parar aqui na pracinha próxima

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E dos carnavais no Piraquê e no Caiçaras, você também se lembra?

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