Terezinha
25/09/17
A primeira coisa a me ocorrer, passado o susto e reequilibrados os hormônios, foi a cantiga de roda da infância eternizada, em mim, pelas "Cirandas" de Villa-Lobos. Conto a cena, trivial e inconsequente, apenas para justificar a associação. Fui a um supermercado no final da tarde de sábado, horário de grande afluxo de clientes. Para multiplicar ofertas, multiplicam prateleiras em detrimento do espaço entre elas por onde circulam os fregueses e seus carrinhos, cestas e mochilas de rodinhas. De posse dos itens desejados, procurei abrir caminho na pequena multidão espremida entre as gôndolas, rumo à saída, sem atentar a uma barra de metal fixada a certa altura do chão por hastes verticais regularmente espaçadas, na certa para evitar o choque de carrinhos com as portas de vidro das geladeiras de produtos ali exibidos. De repente, tropecei em uma das hastes de sustentação da barra de proteção, tentei manter o prumo por dois ou três passos largos querendo evitar o inevitável - a gravidade aproxima os corpos na razão direta das massas etc., até aterrissar pouco adiante, aos pés de três damas de certa idade a conversarem. Minhas compras foram parar num balcão cheio de verduras. Levantei-me sem ajuda, ferimentos ou contusões para logo perceber ser alvo da atenção delas, após pararem de conversar. Uma, em especial, com uma das mãos enfaixada, se pôs a falar dos perigos das quedas para os mais velhos. Ela exibia a mão, enfaixada e protegida por uma espécie de luva ortopédica, como testemunho de sua última queda e frisava: uma de muitas. Passado o susto e reequilibrados os hormônios, vi a semelhança daquel tombo com o da "Terezinha de Jesus" que "de uma queda foi ao chão" e lhe "acudiram três cavalheiros"... Bem, cessa aí o paralelo: as três damas de certa idade não traziam chapéus nas mãos... |
Mon, 25 Sep 17 13:11:24 +0000 Loucura de coincidência! Aqui estou, ainda com cabeça OK (bater na madeira bem forte pois nunca se sabe...), mas com as pernas um desleixo, caminhando com o máximo de cuidado para não ter que fazer mais duas operações (a primeira foi prótese de femur que saiu do lugar). Já pensou!! As coincidências são fascinantes e vão mais longe: no mesmo sábado minha irmã também caiu, tropeçando em um degrau velho conhecido de sua própria casa. A velhice é implacável: a pele continua a crescer como sempre enquanto os músculos definham levando nossas forças. Mon, 25 Sep 2017 11:11:17 -0300 Eita!!!! sem assinatura Eu tinha o CD, mas ficou com todos os outros na mudança... Mon, 25 Sep 2017 18:24:08 -0700 (PDT) adorei! sem assinatura Fotografia feita por um ex-vizinho lá da Granja... Tue, 26 Sep 2017 09:00:02 -0400 (EDT) Oi Clode, Oi Lucia, Tue, 26 Sep 2017 15:49:12 -0300 Hahaha, que legal, adorei, que bom que você não se machucou e de lembrança o que ficou foi o cheiro de coentro da banca de verduras. aposto que as três damas se encantaram com você como os três cavalheiros com a Terezinha. sem assinatura Não saberia dizer. Na hora, tomado pela emoção da queda, não consegui dar a atenção que elas mereceriam... Mon, 2 Oct 2017 13:02:56 -0300 Que simpático esse tropeço no super mercado. Certamente já levei muuuitos tombos por aí e nas mais diversas tropeçadas. Ainda mais que eu sou um feliz atrapalhado... Mas gosto de ser assim, já me acostumei faz tempo... muito tempo! E tão bom assim, sem queixas. sem assinatura Sim, foi um tropeção simpático e indolor. Como na cantiga de roda, de uma queda fui ao chão e acudiram três velhas damas... |
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