autoria: José Lauro 

Terezinha

25/09/17

A primeira coisa a me ocorrer, passado o susto e reequilibrados os hormônios, foi a cantiga de roda da infância eternizada, em mim, pelas "Cirandas" de Villa-Lobos. Conto a cena, trivial e inconsequente, apenas para justificar a associação.

Fui a um supermercado no final da tarde de sábado, horário de grande afluxo de clientes. Para multiplicar ofertas, multiplicam prateleiras em detrimento do espaço entre elas por onde circulam os fregueses e seus carrinhos, cestas e mochilas de rodinhas.

De posse dos itens desejados, procurei abrir caminho na pequena multidão espremida entre as gôndolas, rumo à saída, sem atentar a uma barra de metal fixada a certa altura do chão por hastes verticais regularmente espaçadas, na certa para evitar o choque de carrinhos com as portas de vidro das geladeiras de produtos ali exibidos.

De repente, tropecei em uma das hastes de sustentação da barra de proteção, tentei manter o prumo por dois ou três passos largos querendo evitar o inevitável - a gravidade aproxima os corpos na razão direta das massas etc., até aterrissar pouco adiante, aos pés de três damas de certa idade a conversarem. Minhas compras foram parar num balcão cheio de verduras.

Levantei-me sem ajuda, ferimentos ou contusões para logo perceber ser alvo da atenção delas, após pararem de conversar. Uma, em especial, com uma das mãos enfaixada, se pôs a falar dos perigos das quedas para os mais velhos. Ela exibia a mão, enfaixada e protegida por uma espécie de luva ortopédica, como testemunho de sua última queda e frisava: uma de muitas.

Passado o susto e reequilibrados os hormônios, vi a semelhança daquel tombo com o da "Terezinha de Jesus" que "de uma queda foi ao chão" e lhe "acudiram três cavalheiros"... Bem, cessa aí o paralelo: as três damas de certa idade não traziam chapéus nas mãos...

Mon, 25 Sep 17 13:11:24 +0000

Loucura de coincidência! Aqui estou, ainda com cabeça OK (bater na madeira bem forte pois nunca se sabe...), mas com as pernas um desleixo, caminhando com o máximo de cuidado para não ter que fazer mais duas operações (a primeira foi prótese de femur que saiu do lugar). Já pensou!!
A gente está decidindo contra prevendo o incômodo das recuperações!! Enfim, o negócio é nunca - mas nunca mesmo - cair!! Já estou não só de bengala mas também de andador que uso quando possível. Já viu!
Grande abraço forte,
Maureen

As coincidências são fascinantes e vão mais longe: no mesmo sábado minha irmã também caiu, tropeçando em um degrau velho conhecido de sua própria casa. A velhice é implacável: a pele continua a crescer como sempre enquanto os músculos definham levando nossas forças.

Nossa, prótese do fêmur! Não é brincadeira. Desejo-lhe prontas melhoras. Saudade. Fiquei contente por receber notícias, ainda que para contar de nossos tropeços pelas vias e pela vida.


Mon, 25 Sep 2017 11:11:17 -0300

Eita!!!!
Adorei o LP.
Beijos.

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Eu tinha o CD, mas ficou com todos os outros na mudança...


Mon, 25 Sep 2017 18:24:08 -0700 (PDT)

adorei!
a cronica, obvio, nao a queda, mas, jah q nao houve contusoes, tudo bem
adoro essa foto super charmosa tbm
bjao

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Fotografia feita por um ex-vizinho lá da Granja...
Que bom que você gostou. A Mima também caiu no mesmo dia...
Amanhã vou buscar as sandálias.
Obrigado.


Tue, 26 Sep 2017 09:00:02 -0400 (EDT)

Oi Clode,

Como vai você? Machucou muito? Quebrou alguma coisa?
Espero que não.

Beijos
Lucia

Oi Lucia,

Um tombo bobo sem qualquer consequência.
Obrigado por seu carinho.


Tue, 26 Sep 2017 15:49:12 -0300

Hahaha, que legal, adorei, que bom que você não se machucou e de lembrança o que ficou foi o cheiro de coentro da banca de verduras. aposto que as três damas se encantaram com você como os três cavalheiros com a Terezinha.

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Não saberia dizer. Na hora, tomado pela emoção da queda, não consegui dar a atenção que elas mereceriam...

Sim foi ótimo: nenhum ferimento, nenhuma contusão, nenhuma dor. Apenas o cheiro de coentro na mão...


Mon, 2 Oct 2017 13:02:56 -0300

Que simpático esse tropeço no super mercado. Certamente já levei muuuitos tombos por aí e nas mais diversas tropeçadas. Ainda mais que eu sou um feliz atrapalhado... Mas gosto de ser assim, já me acostumei faz tempo... muito tempo! E tão bom assim, sem queixas.
E vou almoçar, meio dia e pouco, depois eu saio por aí...
Respeitosamente...
beijos

      sem assinatura

Sim, foi um tropeção simpático e indolor. Como na cantiga de roda, de uma queda fui ao chão e acudiram três velhas damas...

Bon apetit, mon ami, mon frère.

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