Publicação esporádica, a perder-se como berro de vaca, que todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

Vai

14/02/06

A repórter anunciou o discurso do presidente em pleno jantar de aniversário do partido político. Enquanto acabava de mastigar, deixei ficar, afinal éramos comensais por ondas hertzianas. Foi aí que pesquei a pérola: errare humanum est, mas o Lulalá falou em português mesmo e a propósito dos deslizes e escorregões do petê, é óbvio. Tudo muito fácil de explicar: errar é humano.

E disse mais, derramando luz em meio a ovação descontrolada dos companheiros correligionários e, como fez questão de assinalar, das companheiras correligionárias. Explicou que há milênios se sabe que errar é humano e que, depois, basta pedir desculpas - ah, maldito confessionário! Louvou quem pede desculpas e se enobrece e, como Fidel, seguiu a tecer filosofias que também explicavam as derrotas do Curintian.

É verdade, presidente, há milênios se repete que errare humanum est, embora Darwin tenha sugerido que não só o Homem erre e que tudo que é vivo evoluiu graças a existência de erros e acertos. Sendo que, na Natureza, a evolução se deu pela eleição dos acertos e erradicação dos erros.

Melhor ainda, presidente, é lembrar a importância crucial do erro para nossos humanos ouvidos. Já contei aqui a história do piano de um famoso teatro que, afinado com ajuda de computador para ter a freqüência precisa em cada corda mostrou um resultado pífio: um som desagradável, que não enchia a sala. O serviço foi refeito por afinador humano e do piano voltou a ter belo e poderoso som de sempre. O computador verificou, então, existir pequeno erro na afinação de cada corda, até nas que deveriam ser idênticas, nas notas mais agudas...

Experiência mais contundente, presidente, se poderá viver nos sambódromos logo, logo. Qualquer equipamento de som vagabundo já vem com tudo que é batida e ritmo pré-programado, todavia... Vai, presidente, vai, vai.

curiosidade: note o número de série desta croniquim... 666

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