Fútil ardil
Saber o Saber inútil
Sem mesmo direito saber
Se se sabe o que é útil
Na busca de todo por quê.
(20/VI/86)
Há perguntas
que é melhor não perguntar.
Que fique quieto e intocado
O mistério da beleza mágica e indecifrável.
Por que há de haver um porquê
Na condição absurda e humana -
Na insignificância infinita do ser?
Ser humano, muito humano
Sonho sonhado talvez por um deus...
Apenas um engano.
Razões. Filosofias. Religiões.
Nada a lógica acrescenta
Além de novas interrogações.
Novas? Novas nada!
São as mesmas há milênios,
Há milênios sem mudar.
Há perguntas, com certeza,
Que é melhor nem perguntar.
30/06/86
Efêmera a vida
passa
e esse passar é viver.
a gente nem mesmo lembra,
que na vida eterna que passa,
é certo apenas morrer...
Escorre fina a areia
na ampulheta da vida.
De repente, se percebe:
a areia vai terminar.
Aí, a pergunta mística:
Será que essa ampulheta,
é possível, como outras,
de ponta-cabeça virar?
SP, 18/07/86
Já estou de saco
cheio
De tanta quadrinha rimada
Mas elas saem assim mesmo
Sem que possa fazer nada...
Quadras, que apenas refletem
Toda minha caretice,
A falta de liberdade
E um certo grau de burrice.
A gente é como é
Dependendo dos hormônios
Fruto dos curto-circuitos
Que fundem nossos neurônios.
10-7-86