Publicação esporádica para se perder como inútil mugido de vaca.

Venderia a própria pele?

03/11/14

Vem à lembrança um artigo da Time, a revista norte-americana, na virada do século. Não sei mais se da verdadeira virada - de 2000 para 2001 ou da falsa, mais comemorada e ameaçada pelo bug do milênio, de 1999 para 2000. O exemplar inteiro falava do milênio preste a começar. 'Especialistas' previam o ano, a década e o século vindouros. O exemplar estava numa das bolsas das costas dos assentos, num voo Rio-São Paulo e ela me distraiu nos intermináveis minutos entre os aeroportos.

Um 'especialista' em propaganda previu ali os tempos atuais e os próximos. Falou ele, mais ou menos, da crescente procura por 'espaço' para anunciar. Previu, para ainda neste século, a venda de áreas da pele para a tatuagem anúncios. Ainda não vi reclames assim, mas me vejo cercado por tal quantidade de anúncios, todos, de olho não na butique dela, mas em cada tostão capturável, que belas morenas logo alugarão (tatuagens temporárias?) áreas na superfície de seus corpos.

As páginas da internet fazem pular, a cada movimento, algo indesejado a atrapalhar a leitura ou contemplação. No rádio, na televisão existe até 'notícia patrocinada' e a informação se tornou acessório, subordinada aos interesses de patrocinados e patrocinadores. Ora, toda publicidade tenta moldar o pensamento dos atingidos e, só por isto, já seria abominável.

Incapaz de compreender a mim mesmo, por que tentar moldar o pensamento alheio? "Livre pensar, é só pensar" é frase famosa e de efeito, mas o pensar nunca é livre. Desde o parto tentam nos impor uma visão, sem qualquer liberdade para o pensar, tão apregoado como livre.

Diante das bolsas governamentais, quem duvidaria da venda da própria pele aos interesses do anunciante? De quebra, pode-se imaginar um comércio pitoresco conforme a área a negociar.

Mon, 3 Nov 2014 16:08:42 -0200

boa. não vou dizer "genial", embora o seja ;) MUITO boa, adorei.

gosto de como vc passa da seriedade profunda, como na impecável observação de que "a informação se tornou acessório, subordinada aos interesses de patrocinados e patrocinadores."

para a conclusão divertida.

Logomarca de cerveja estampado diretamente na bunda da morena?

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Ou seria melhor um anunciante de preservatiivos aí?


Tue, 04 Nov 2014 08:58:55 -0800 (PST)

sentados num bar? lanchonete?, sei lá, na Av Paulista, de onde podíamos ver aquela "torre eifel", vc fotógrafo, recém-casado, não queria fazer fotos de publicidade. Eu, com uns 14-15 anos muito surpresa perguntei pq? e vc falou isso mesmo

   Ora, toda publicidade tenta moldar o pensamento dos atingidos e, só por isto, já seria abominável.

Me despertou para a realidade naquela época.

vc me despertou pra o mundo muitas vzs

bjs
Maren

Lembrança longínqua! Quase meio século, mas tentei, inclusive por seis meses com o Ênio Mainardi, que me arrancou da enfoco para as loucuras da agência dele. Tentei e fracassei. Não era fotógrafo, simplesmente, nem de publicidade, nem de jornalismo nem de nada. Como dizia papai, quem não sabe fazer, ensina. Ensinei.

Não atinei com a tal "torre eifel". Seria a torre sobre o prédio da Gazeta? Nossa, na Paulista de 1967, cheia de mansões ainda... Quase meio século é muito tempo (ou muito pouco?)


Sun, 8 May 2016 23:52:15 -0300

Olha o que pipocou aqui hoje e eu li, na dúvida se já tinha lido, mas, com certeza, tinha ouvido você falar de anunciar na pele. Incrível: como seu estilo - você - mudou de lá pra cá, mais suave e sábio agora!

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