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Nesta sexta-feira esquisita, já no meio da tarde, seca como as dos últimos dias, com uma luz baça de um sol incapaz de varar a poluição que nos tampa o céu e abole o azul essencial ao bem-estar da alma, começo a traçar mal estas linhas, sem saber, por enquanto, aonde me poderão levar. Ecoam-me ainda essas palavras: "nem lhe conto como me faz bem receber suas crônicas", trazidas por uma cartinha de ontem ou anteontem, a emprestar a este livre tagarelar significado maior do que mera anotação de observações ligeiras das paisagens externas e internas em um momento qualquer. Aproveito o fato para salientar a importância dos comentários de leitoras e leitores, verdadeiros complementos de cada croniquim, a ela anexados por ícones de envelopes nos rodapés. Não raro, apenas as observações dos ouvintes - por que sempre prefiri ouvinte a leitor? - apenas tais observações são capazes de concluir e esclarecer o que se lançou na crônica (outrora, durante um tempo, chamei-as de ensaios, mas era pretensioso demais). Cada uma segue, por e-mail, para uma lista de pouco menos de quarenta pessoas. A predominância feminina é marcante, mais ou menos um quarto são leitores; o resto, leitoras. Essas vozes dormem lá, no pé de cada crônica servindo também como indício seguro do tamanho da discussão provocado por cada uma. As mais queridas ou mais odiadas, em geral, têm o maior número de envelopinhos no rodapé. Como disse certa vez Millôr, a seção de cartas dos leitores é o melhor de qualquer jornal. Aproveito o dia cada vez mais esquisito para sublinhar o que os outros escreveram sobre o que escrevi e esquivar-me de responsabilidade pelo bem de quem quer que seja. Bom fim-de-semana! |
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