cronista em desenho de Vicente Kubrusly (29-05-78) 

18 de agosto

18/08/10

No dia 18 de agosto de 1997 se contava aqui, com o pretexto de inaugurar-me aprendiz de cronista, notas rabiscadas a lápis, em garranchos acentuados pelo sacudir do metrô, para registrar uma cena que se destacou no silêncio uniforme do vagão lotado de gente voltando de seus afazeres, cansada de um dia de trabalho ou, sabe-se lá de que cuidados. A cada estação o trem lotava mais e as duas entraram falando alto, chamando a atenção, e traziam do trabalho mais um personagem, mencionado e criticado ali, entre elas, com atitudes antagônicas: uma falando baixo, cônscia do ambiente e respondendo à colega talvez por cortesia e esta, alterada, chamando a atenção de todos em volta com ninharias sobre jeitos e feitos do tal colega ausente. As duas desceram e, por vir eu de longe, sentado, pude anotar em um caderno gestos e falas e o mais que percebi com o viés inevitável de meu olhar, de meus ouvidos e de meu ser e sentir, muleta para a uma memória incerta.

A cena não era daquele momento, tinha uns dois anos ou mais. Não sei quanto se passou entre a anotação dos fatos, no vagão, e a inauguração deste vício, com os altos e baixos inevitáveis aos vícios. Como se pode conferir aqui embaixo, foram 1043 crônicas, com esta, fora duas ou três a que erros na numeração obrigaram a acrescentar um bis, como o do 14 de Dumont. Elas estão enfileiradas com um link em cada rodapé para a anterior. Para esses tempos de estatísticas como matéria prima de notícias, informo ser a preposição de a palavra mais repetida nos 31320 parágrafos, fora os desta: ela aparece 17966 vezes. Segue-se a conjunção e e, depois, os artigos a e o, nesta ordem, com precedência involuntária de gênero.

Talvez valha a pena anotar, rascunhar, minutar, pois tais notas dormem nos blocos, cadernos ou cadernetas sem poder adivinhar as novas que o futuro trará.

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