A falsa crônica

02/03/09

Do lado de cá do fim do mundo, março se inaugurou com um autêntico dia de verão. Um desses dias, raríssimos neste verão, de caráter carioca. Homenagem, quem sabe ao aniversário de 444 anos da ex-capital do país - dois terços da Besta do Apocalipse, confirma a Matemática.

Desde cedo, céu azul e sol beleza, como se rezava na enfoco; um ou outro aceno tímido da folhagem a testemunhar brisa tênue, difícil de perceber; no ar, poucos insetos a flanar e notória escassez de pássaros, latidos e outros bichos; salvo o vasto mar de teias esticadas entre varais e onde mais as trapezistas lograram lançar suas cordas bambas ao ar e, em cada teia uma aranha nos estágios iniciais das sucessivas mudas necessárias a eclodir adulta, o que se dará lá pelo final de maio, mais ou menos.

A temperatura subiu e, na madrugada de hoje, era declarada recorde do ano. Quando se tecem considerações dispersas sobre o clima, é patente a falta de assunto. Como os velhos generais do golpe de primeiro de abril, posso apenas anunciar: 'nada a declarar', sem a rispidez e arrogância daqueles que, então, compartilhavam com os médicos a sensação de poder sobre a vida e a morte.

Se é para o bem do polvo e feliz cidade em geral danação, publique-se, ainda que capenga, este engodo, testemunha da perplexidade ante a falha no compromisso implícito do pão nosso de cada dia, todo dia posto à mesa espiritual da leitora, do leitor, direto da padaria.

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