de esporadicidade imprevisível

A mentira anunciada

07/05/18

Passaram-se dezesseis anos. De modo incontestável se apagou por completo em minha lembrança a crônica da terça-feira, 7 de maio de 2002, cujo tema prenunciava o fenômeno, hoje muito amplificado, de notícias falsas espalhadas pela internet, as fake news.

Neste intervalo de tempo, as redes sociais se transformaram em instrumento muito mais poderoso de difusão da informação, seja ela verídica ou forjada e os telefones celulares igualmente se aprimoraram como diminutos computadores de bolso (ou bolsa) aptos aos mais diversos malabarismos de documentação e transmissão de dados.

A falsa notícia da morte de Roberto Marinho (ele viria a morrer dentro de um ano e quatro meses) foi espalhada por meio de e-mail. Hoje, com a agilidade do Whatsapp, do Facebook e do Twitter, mentiras como aquela se multiplicam com muito maior rapidez e, na verdade, basta a existência de sua possibilidade para desestabilizar os acordos estruturais de nossa sociedade.

Os homens buscam com afinco meios tecnológicos e legais para coibir a difusão de mentiras, em especial aquelas cuidadosamente elaboradas para difamar pessoas ou organizações, quaisquer que sejam, governamentais ou particulares, individuais ou multinacionais. Uma eventual camisa de força tecida de legislações e recursos tecnológicos poderá dificultar o comportamento reprovável, mas não mudará sua natureza do ser humano.

Se a fofoca teve mesmo um papel preponderante na evolução do Homo sapiens, ela deixou, como consequência corolária, os malefícios da maledicência e da mentira, instrumentos básicos da difamação.

O comandante das Organizações Globo morreu de velho, aos 98 anos, não em consequência da divulgação de sua falsa morte por mensagens eletrônicas e suas Organizações ainda dominam e ditam comportamentos do mesmo modo que continuamos os mesmos.

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