autor [1962] crônica do dia

Avalanche

10/03/14

Com pouco mais de metade da cara iluminada, a lua boiava baixa no leste, ao cair da tarde e, amanhã, voltará mais tarde e exporá mais do que dela vemos ao sol, aumentando um pouco a face iluminada e assim sucessivamente até o dia 16, de lua cheia a convidar vampiros e lobisomens e namoradas e namorados a cantarem, ainda que em silêncio o luar, como Gilberto Gil e seus medos de Luniks e outras extensões do homem, muito além dos meios de comunicação. E na tarde enluarada de um domingo ensolarado, milhares de libélulas alçaram vôo sobre o mato cortado raso para parecer gramado, atapetando a extensão imensa do que antes fora sobra fugaz de mata atlântica e, hoje, se espraia como loteamento de luxo à espera do término de suas primeiras construções.

As libélulas, em vôo incerto, iam e vinham mas, na resultante, rumavam para o norte cruzando a avenida em rasantes mais ou menos na altura dos para-brisas dos automóveis, mas as correntes de ar geradas por estes, ou outro fator que desconheço impediam o atropelamento em massa dos insetos primitivos. Pousados na grama falsificada, o casal de quero-queros começou a gritar com nossa aproximação - seu pio característico, agudo, estridente. Quando já nos afastávamos calaram e foram indiferentes às hordas de odonatas - as libélulas - a passarem por eles em vôo baixo, sempre em direção ao norte. Adiante, um cavalo branco completava a poda rente do capim já rebrotado pelas últimas aguadas de chuva pouca. De todo modo essa água, ainda que pouca, bastou para tornar exuberante toda vegetação, do capim mais rasteiro às lianas voluptuosas sobre as copas mais altas.

Chegaram as pessoas esperadas quando o sol já descambava para o horizonte e infiltrava preciosa luz rasteira entre galhos e folhagens. Chegou um gato inesperado, ainda que costumeiro.

Mon, 10 Mar 2014 20:08:47 -0300

Essa pouca água desses dias foi muito mais do que totalmente bem vinda...

Queremos, muito mais.


Enquanto a maioria continua lavando a calçada com água tratada, etc etc...

Vai acabar, vai acabar...

E viver sem água é pank.

Boa noite por ai, Mermão

Sim, é impossível. . .

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