Há quatro anos reafirmava aqui meu espanto diante da vida e seu ímpeto primordial em sobreviver e sobreviver-se como indivíduo em sucessivas gerações. Ao mesmo tempo, declinava de arrebanhar-me aos comentaristas ou analistas de crimes, atrocidades, política, fofocas ou futebol.

Hoje, olho com perplexidade o desempenho dos noticiários - que não merecem mais esta designação - como instrumento de intriga e provocação ou ao assumirem papel detetivesco, em busca de exacerbar emoções, para atiçar a empatia dos clientes - espectadores, leitores etc. - pela miséria e desgraça dos mais pobres - em geral, chamados de menos favorecidos - estimulando um gosto mórbido pelo testemunho do sofrimento alheio.

No entanto, os fortes ventos que antecederam a chegada das chuvas, há vários dias persistentes por aqui, trouxeram muitos gaviões ou urubus - não tenho certeza - a voarem em círculos fechados e repetidos rente às copas das árvores, provocando alvoroço e gritaria de pássaros e saguis.

Serviram também tais ventanias para arrancar muitas das folhas amareladas, prestes a cair em preparação para o inverno e muitas outras verdes ainda, assim como pequenos galhos e apêndices vários da vegetação. Os dias já estão muito mais curtos, mas a abundância de água deu alento e pujança à vida que por cá verdeja.

Hoje, como não falar de luz, ou melhor, da falta dela, do dia sombrio e úmido, úmido demais. Vista do espaço, imensa faixa de nuvens se estende do oeste amazônico pelo oceano Atlântico afora e pingos, ora escassos, ora copiosos continuam a regar essas terras tropicais, mantendo-as fecundas e acolhedoras. Plantas que já davam sinais de fenecer, agora parecem sorrir num verdor esfuziante.

GOES-12 30abr12 16h30 UT da internet

A despeito da Casa Branca ou de Brasília, qualquer que seja o próximo presidente francês, a vida seguirá pródiga e adorável.

Mon, Apr 30, 2012 12:42 pm

"A despeito da Casa Branca ou de Brasília, qualquer que seja o próximo presidente francês, a vida seguirá pródiga e adorável." É uma frase e tanto! As circunstâncias e o factual não são nada ao lado da grande marcha da evolução pela seleção natural. Muito bem observado.

Grande abraço

Ebert

Sim, acabamos de antolhos, tangidos pelo aguilhão da mídia.

Como cada um de nós, a humanidade se perde ao redor do próprio umbigo.

Além, esparramam-se estrelas, galáxias e o mais que ignoramos.

Mon, Apr 30, 2012 9:50 pm

A natureza nos ensina, muito mais que um monte de notícias que não servem pra nada...
Deveríamos filtrar as notícias, e prestar atenção aos sinais que a natureza sábia nos mostra.
e a vida deveria apesar de tudo e todos, continuar bela!
adorei a cronica!
Pelo menos as plantas estão felizes com esta chuva!

beijos
Mhelena

Você é um barato!

Sim, você também nota o sorriso delas, né?

em tempo: a vida continua bela.

Tue, May 01, 2012 5:40 pm

Que máááximo!!!!

Daqueles textos que eu sinto que já tinha escrito dentro de mim!

Brigado pelo prazer.
Beijos, Guel.

Então, deixemos a política aos políticos e voltemos nosso olhar a beleza e pujança da vida.

Fri, May 04, 2012 9:38 am

exatamente isso: a vida segue.
          ainda bem que foi e sempre será assim.
          

bjo, direto de brasília... da janela do hotel, "vejo" o traço do Lúcio Costa,
          arkiteto, quase coleca seu... kkkkk!
          bjo

      sem assinatura

Não, para mim a FAU-UB foi apenas uma espécie de 'retiro espiritual'
kkkkk