desenho de Lu Guidorzi
basta um clique! 

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

Bons-dias

28/01/05

 

"aspas"

"Esperar que os nossos sistemas de moral e as nossas éticas possam tornar os homens virtuosos, nobres e santos, é tão insensato como imaginar que os nossos tratados sobre estética possam produzir poetas, escultores, pintores e músicos."

Artur Schopenhauer, "Dores do Mundo". 4¦ ed da Edições e Publicações Brasil S. A., 1960 (pág. 121)


Esta crôniquim foi reescrita a partir de outra, de 25/08/97, "Teste Vocacional", com mais do dobro do tamanho e que dizia pouco mais. Espero que haja menos erros, de todo tipo.

Acho que vou fazer um teste vocacional. De quebra, peço um teste de queí. Desconfio tanto de um como de outro. Todavia agora, passados os sessenta sem saber o quero ser quando crescer, que se vasculhe a ver se existe alguma vocação e tome a medida exata do grau de burrice, por precaução.

Ao entrar no consultório de um advogado, um dentista, um médico ou psicólogo a primeira coisa que se vê, emoldurada e pendurada bem diante da entrada, assinada com pena de pato e confirmada por sinete de monograma em lacre em alto-relevo, como usavam reis e cardeais, vê-se verdadeiro atestado de que se é.

Os jovens zombam e o chamam de canudo mas, por via das dúvidas, correm atrás. E quem não pode obter um canudo de primeira classe, vai de canudo secundário mesmo, que os há aos borbotões. Até curso de boas maneiras promete um diploma no final.

Somos muito mais que apenas a profissão. Sim e não é. Não porque, no fundo, acreditamos terrivelmente nesses rótulos. Não sabemos olhar para uma pessoa e ponto. Se possível, queremos saber tudo, quando um estranho nos é apresentado, onde mora, o estado civil e, é claro, a profissão.

Muitos tremem diante da pergunta "qual sua profissão?" Alguns poderiam dizer: "nenhuma, sou rica, bonita e a cada dia faço o que me dá na telha". Por outro lado, muitos suportam 30, 40 anos de rotina, dia após dia. Bom-dia, dona Lurdes, e sobe, todos os dias, pelo mesmo e velho elevador. Bom-dia, seu Anacleto, ontem meu café estava frio. Bom-dia, dona Ermínia, bom-dia após bom-dia, dia após dia, de São Paulo a Cotia todo dia na mesma rodovia.

Acho que vou fazer um teste vocacional, agora, que deixei os sessenta anos para trás. Pode dar que nasci para ser rico, jovem e bonito; para encontrar uma bela e virgem princesa, para casar e... Bem, aí, poderíamos viver felizes para sempre...

 

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