envelope.


O assunto, ao qual dediquei um livro inteiro, merece respostas bem detalhadinhas, quando na verdade, não carece é de teoria nenhuma:

Estar apaixonado é um estado maravilhoso.

E profundamente estressante, garantem especialistas, e sabe quem provou, morre-se disso no romatismo, adoece-se até hoje.

O problema começa, a doença se instala, quando percebemos que o combustível natural da paixão, aos poucos, se esvai e a chama segue seu curso rumo à inexorável extinção...

Parabéns, você acaba de definir o eternamente tênue limite entre sanidade e doença... Faz-se um teste de laboratório para determinar se a criatura é soropositiva, reagente ao vírus da paixão doente ou portadora apenas da paixão saudável e aí injetam-se-lhe terapêuticas múltiplas....

A leitora (o leitor?) fala de paixão não resolvida, não revelada. Ao dizê-lo, está falando exatamente do mito.

Estou falando da paixão não resolvida e/ou não revelada, que, mesmo que não seja alimentada com sonhos, devaneios e todo ocombustível que você com tanta clareza identifica, pode ficar lá, adormecida, quietinha, mas mal resolvida, como aquela surra que se levou do pai na tenra infância e nunca se pôde rebater quando se era adulto e o covardão velhinho... Fica mal resolvida e pode ou não atrapalhar.

Resta uma pergunta terrível: é possível viver apaixonado, em permanente estado de paixão pela Vida?

Dizem os especialistas, psicoisas, que não, que o estresse é tamanho que a pessoa adoece. Paixão dá e passa, depois vira outra coisa - e não precisa ser doença se eternizada - que nem um pico na veia. Quando digo eternizar, é se transformar numa coisa lá adormecida na alma, mal resolvida, que pode até virar um dia uma coisa boa. Vai ver que só as mulheres acham uma delícia guardar estes recuerdos no baú do coração ao longo da vida, homem tem que resolver na hora, catalogar, deletar, ignorar, passar a limpo, por a + b. Será? Não sei.

Sem identificar esse estado de graça com qualquer pessoa, sem transformar em deuses, meros mortais? É possível tirar da própria vida o combustível para viver, e não, de nossos pensamentos, sonhos e projeções?

Paixão não é combustível para viver, este é arroz, feijão, água, sono, sexo, ar, macarrão. É um luxo para a alma, para o prazer, para criar as músicas populares e todas as criações mais de que você falou.

Maria Emília

 

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