(Carta a um neto muito querido):

      Faz tempo, bem me lembro, você disse: "vou ser médico, vô, e aí eu vou cuidar de você". Agora, enquanto você ruma ao diploma pelo terceiro ano de Medicina afora e eu achei outros males além da antiga diabetes, me diverte, na antiga busca de um ponto de vista privilegiado para melhor entender o mundo, o imaginar enfermo.

Ocorreu-me a fantasia de ser a sociedade uma espécie de organismo mas, lamentavelmente, com "sérios problemas de saúde" e, é óbvio, o "indivíduo humanidade" só estaria bem, saudável, se todos os seus males fossem curados. Por exemplo, existe muita fome no planeta e isto equivaleria uma isquemia ou até a uma gangrena no "corpo" social. Ninguém está bem com uma unha do pé encravada! Tal como as células precisam de sangue, todos os seres humanos precisam de alimento, vestimenta e moradia, pelo menos. A falta de recursos em agrupamentos humanos equivaleria a uma região sem irrigação sanguínea etc..

A criança africana esquelética ou o mendigo morador de um desvão na cidade grande são feridas na humanidade e um corpo só é saudável com todas as suas células sadias. Muitos talvez não percebam como a existência dessas "partes doentes" é nociva para todos, pois não é possível alcançar um estado de bem-estar completo quando existem órgãos doentes no organismo da humanidade.

Doutor - posso lhe chamar assim por antecipação? - que lhe parece esta sugestão de diagnóstico? Desde muito cedo atribuíram a seu avô o epíteto de maluquete, você sabe. Então, pergunto: como o meu neto diagnosticaria esse corpo em crescimento do qual seríamos as células?

meu neto Miguel - foto de Débora Grion

Desculpo-me com os demais leitores por assim me dirigir a apenas um. Aqueles já avôs me perdoarão, estou certo e, quanto aos outros, apazigua-me saber que algum dia também serão avôs e avós...

* Obrigado, Rainer Maria Rilke, pelo título.  

Mon, 4 Apr 2016 09:31:41 -0300

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Sensacional!!!!!!!!!!

Obrigado, sobrinha sensacional!

Mon, 4 Apr 2016 10:20:51 -0300

Oi, Clôde
Muito legal. E parabéns pelo neto quase médico!
Bjs
Ana

Obrigado.
Você também tem netos... sabe como é.

Mon, 04 Apr 2016 12:12:03 -0300

Oi primo!

      Apesar de não ser avó ,amei sua Crônica do dia!      

      Pelo texto e pela oportunidade de conhecer, por foto,

      seu neto Miguel e saber que , em breve , se tornará médico.

                 Bj .Brte

Oi, prima,

Que bom que você gostou!

Sou muito coruja com meus netos.

Quem sabe depois chegará a vez dos outros dois...

Mon, 4 Apr 2016 15:18:34 -0300

Oi, vô querido.
Eu diagnosticaria a sociedade com malignidade: câncer pra todo lado. Por um lado, propenção genética, já que jamais a evolução preparia o homem para a sociedade que lhe capacitou. Segundo, fatores ambientais, ja que a própria sociedade, portadora do mal, é fonte da malignidade. Malignidade, talvez - espero -, decrescente.

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Seu ponto de vista me parece suspeito (no momento).
Veja ambos os lados desse animal surpreendente, o ser humano: se de um lado é capaz de tantas idiotices, barbaridades etc. (creio existir aí muito ação hormonal), por outro criou a s nove sinfonias, a Bachiana nº 4, o Tocata e Fuga (você sabe bem qual), o Cálculo, as Relatividades, a penicilina, a internet. o iPhone - um verdadeiro dilúvio de obras maravilhosas - inclusive suas composições! - e aprendeu toda a sabedoria da humanidade, inacessível a um único cérebro!
Olhe bem, as coisa podem ser vistas de vários pontos de vista.

Mon, 4 Apr 2016 17:31:08 -0300

Amigo Clode,

Como avó coruja que sou fiquei emocionada com sua mensagem ao seu neto.
Às vezes, quando sinto que me falta forças para cuidar do meu pai e viver neste país neste momento, olho para as fotos dos meus quatro netos e ganho um folego novo.
Eles são a razão de ser da minha vida.

beijo

Mané

Grande amiga Mané,

Os netos são efetivamente uma bênção em nossas velhices.
Eles de fato trazem uma grande dose de energia para nossas vidas.
Concordo com você: dão sentido a nossas vida.

Tue, 5 Apr 2016 15:26:57 -0300

Clode, que lindo!!! Me lembra alguma coisa dita por Jesus Cristo, sobre sermos todos partes de um só corpo, todos que, segundo ele, somos "irmãos". A Maria ontem, no hospital, na sala onde TODOS estávamos de máscaras e muitos tossiam, outros derrubados pelas cadeiras, me dizia, lembrando-se da sua crônica: "olha essa cena, aparece filme de apocalipse. A humanida toda está doente, como é que a gente vai poder ter saeude se está tudo doente?" E que foto linda do Miguel!!!!!!!! Sim, avós tudo podem! :)))

Maria comentou que aparentemente ficou faltanto um "a" no título. Concordo.
Veja, o livro do Jatene é no plural, cartas.
depois de "vô", eu poria vírgula: "vou ser médico, vô, e aí…."
tá sobrando um "as": "tal como as as células...
acho que aqui não tem vírgula, entre sujeito e verbo:
A criança africana esquelética ou o mendigo morador de um desvão na cidade grande, são feridas

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Todas as sua considerações estão perfeitas e as correções, também. Obrigado.
A foto (é maravilhosa, concordo) denuncia quem é o fotógrafo, no caso, a fotógrafa...
Faltou mesmo a preposição no título.
O do Rilke também, eram várias cartas. No meu caso, uma só.
Havia a vírgula depois de vô... eu tirei. :-(
Farei todas as correções, de novo, obrigado.

Tue, 05 Apr 2016 15:30:49 -0700 (PDT)

Clode!
vovo Clode
irmao Cau
q coisa mais amorosa e linda!!!!
uma delicia o seu neto doutor, assim emoldurado com o fundo tbm escolhido a dedo
muito querido esse seu neto doutor

concordo plenamente com o q dizes em relacao a humanidade e a um corpo sadio de toda a humanidade
pena q muitos nao concordem, parece, pelo modo como se conduzem

mts bjs da tia avoh do neto doutor ??

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É um neto lindo ou sou coruja demais...

O pior é já sabermos há milhares de anos que o único remédio para os males da humanidade é o "conhece-te a ti mesmo"...

Tue, 5 Apr 2016 19:53:59 -0300

Você é dez!

E ponto final.

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:-)

Wed, 6 Apr 2016 20:02:21 -0300

como futuro Dr. House, agradeço pelo brainstorm e pelo meu primeiro diagnóstico :)

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Querido!

Fri, 8 Apr 2016 12:41:26 -0300

Lindo, Clode. Nosso jovem médico é uma beleza de cara. E teve a quem puxar.

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Sim, ele é um querido.