Quando duas teorias científicas podem explicar satisfatoriamente o mesmo fenômeno, se adota a mais simples pela excelência implícita em toda simplicidade. Mas a simplicidade, assim como a humildade, não pode ser cultivada pois, ao fazê-lo, se põe por terra a singeleza e se complica o simples. Não é simples ser simples.

Eu, por exemplo, em matéria de cobra coral e de cogumelos acabei por simplificar os "protocolos de identificação", certo de não possuir o conhecimento imprescindível para distinguir a falsa da verdadeira, o comestível do venenoso.

No caso da diminuta e perigosa serpente, reduzi a regra a primeiro mate e só depois cuide da identificação. Em relação aos fungos, simplifiquei ainda mais: não coma, existem opções mais apetitosas.

Li muito sobre os sinais úteis para separar o joio do trigo nas duas identificações e aprendi, também, sempre existirem senões a comprometer a certeza imprescindível quando existe risco de vida.

Quanto aos cogumelos, sinais importantes podem ser varridos por uma chuva forte e são tantos e tão parecidos que até mesmo especialistas se confundem. Com a cobra, parece inútil se basear nas cores dos anéis pois há incontáveis variações e elas nunca escancararam a boca, como nós no dentista, para permitir um exame detalhado de suas dentições...

A alternativa ao assassinato de um vertebrado ou o desprezo de um alimento nutritivo seria deixar ao acaso a decisão e nos conformarmos em uma eventual fatalidade, posto sermos mortais e ignorarmos como e quando é nossa hora e vez.

Poderíamos assim escapar dos venenos da pequena cobra tricolor e dos atraentes cogumelos, mas continuaríamos intoxicados por nossa mente com seus pensamentos, suas teorizações e acabaríamos vítimas de uma tela qualquer, uma ideia ou pregão a nos complicar mais e mais na busca da simplicidade.

Mon, 3 Apr 2017 10:37:01 -0300

A propósito, Michael Shermer comenta em "Cérebro e Crença"

Recomendo o livro.

Grande abraço

Ebert

Ebert,

Obrigado pela dica. Estou terminando o Homo Deus e ao terminar vou procurar "Cérebro e Crença".

Cada vez mais me parece vivermos em um universo virtual fruto da rede mundial de cérebros...

Abraço forte

Mon, 3 Apr 2017 11:20:53 -0300

Adorei, Clode. Simples e direta!
Por isso que eu matei (com ajuda) a cobra coral que apareceu na porta da minha casa e que meu gato me mostrou, correndo atrás dela e lhe dando patadas. Não paguei pra ver se o gato sairia incólume e vencedor do embate.

      sem assinatura

Obrigado.

Agi da mesma forma, há muito tempo, quando meus filhos eram pequenos e apareceu, enroscada e um arbusto, uma cobra coral bem pequena. Mesmo depois de morta não soube dizer se era falsa ou verdadeira...

Hoje, no entanto, acho que tentaria capturar como muitas outras, maiores, que cacei e levei para o Butantan.