desenho de Mima

Das espécies de mentiras

29/05/18

Cada vez mais se usam estatísticas para abastecer os noticiários. Elas, é óbvio, são produzidas e divulgadas por gente poderosa (pobres não fazem pesquisa nem produzem estatísticas). É fácil comprovar a grande quantidade de notícias derivadas de dados estatísticos, apresentados com a pressuposição implícita de serem verdadeiros pelo simples fato de virem de pesquisas e estatísticas supostamente feitas segundo métodos científicos.

Há 54 anos, Darrell Huff, um jornalista e escritor norte-americano, lançava "Como mentir com Estatística". O livro começa com uma citação de Disraeli: "Há três espécies de mentiras: Mentiras, Mentiras Descaradas e Estatísticas". No prólogo, Huff se explica: "... os criminosos já conhecem estes truques; são os homens de bem que precisam aprendê-los, para sua autodefesa."

Passou-se mais de meio século e, ao que parece, os "homens de bem" não aprenderam a se defender das estatísticas e quem as produz continua a torcer os fatos mostrando dados de acordo com os próprios interesses. São muitas as maneiras de fazer o resultado de uma pesquisa qualquer, e os dados dela resultantes, tender para um ou outro lado. Da escolha da amostra (pesquisas buscam saber a respeito de uma grande quantidade pela análise uma pequena amostragem) até fatores psicológicos dos pesquisados e dos pesquisadores, tudo pode interferir e modificar resultados estatísticos.

do livro Como Mentir com Estatística
do livro Como Mentir com Estatística

Já contei aqui ter sido entrevistado por um recenseador do IBGE, pela primeira e única vez, com 66 anos, no Censo 2010. Contei também que, na juventude, forjamos dados para um trabalho escolar de campo, sobre pesquisa e estatística, para evitar um levantamento em um bairro distante e hostil.

Muito em breve haverá eleições, onde estatísticas têm um papel decisivo e o desejo de as modificar se amplia exponencialmente.

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