Erro assinalado

18/01/11

Erram as previsões e o sol forte rasgado em azul de norte a sul convida à preguiça boa, como Suassuna a definiu. Um zumbido inconfundível se intensifica progressivamente e depois cala ensaiando o ziziar de uma cigarra. O ronco de um monomotor, avião pequeno cada vez mais raro, afasta-se em direção ao noroeste. Um sabiá pequeno, cinzento, de bico escuro, saltita pelo gramado parando a cada dois três pulos para conferir eventuais ameaças. Belisca o chão e segue em busca de sua refeição favorita, uma minhoca. Quando acha uma, não a consegue engolir inteira e precisa batê-la no chão, presa no bico para a cortar em pedaços menores antes de os comer. De repente, voa, talvez assustado por algum gesto inadvertido meu.

Tudo em volta parece se alegrar com a volta da insolação forte. Até as plantas, no solo encharcado depois de tanta chuva. Dias de verão ensolarados a evocar outros iguais perdidos em toda humana alma! Tudo se alegra sob a luz e o calor de nossa estrela vivificadora! Apesar de monótono, nem o assobio do vizinho consegue incomodar. Agora a pino, o sol arde e parece silenciar a natureza. Apenas pequenos insetos semelham boiar no ar. Uma aragem branda bole nas folhas de vez em quando. Uma sombra grande e rápida corta o chão - na certa uma ave. Passa o barulho perturbador de um helicóptero, baixo, muito perto - existe um heliporto aqui perto.

Nada mais há digno de nota. Comemoremos juntos, pois, este erro grosseiro nas previsões do clima num brinde ao sol e ao calor, ainda que você, leitora ou leitor, esteja além do equador e, eventualmente, cercada ou cercado de neve ou sob o peso de muitos agasalhos. No vai e vem das estações as coisas logo se inverterão e o frio virá para cá levando a você o sol e o verão.

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