desenho de Mima

Flores amarelas

24/02/16

Uma pequena história escondida entre metáforas, banal como quase toda história de encontros amorosos ocasionais, com atavios a lhe disfarçar isso ou aquilo, saiu aqui há precisos dez anos. Na época, quatro leitores comentaram e aprovaram o curto relato. Passada uma década, me espanta o quanto mudou minha perspectiva dos acontecimentos geradores daquela quase ficção!

Do atual ponto de vista, me pareceria desnecessário omitir os nomes dos santos ali envolvidos, todavia, fica o anonimato em respeito aos personagens per omnia sæcula sæculorum.

Não se esquece quem chega abraçada a exuberante braçada de flores vistosas e amarelas, apesar de quase sem perfume. Ainda mais quando se trata de uma mulher em visita a uma vítima dos transbordamentos de testosterona em um mundo notoriamente machista. As flores inesperadas se destacam na memória esmaecida e, assim, responderiam um pouco à pergunta do último parágrafo: "por que amputar um pedaço da planta se não é para comer?" Diriam, agora: para imprimir uma marca indelével na memória.

Algum sexo e um cigarro de maconha, pretensamente ocultos em insinuações quase explícitas, quiçá pela mistura de um sentimento de culpa com o medo de expor vidas alheias, agora parecem banais e risíveis, sem as emoções da época dos fatos.

Agora, quando me divirto ao olhar aquilo tudo sem envolvimento emocional - as cores mudam, mudam muito e confirmam o adágio: o tempo é o melhor remédio. Entretém-me, também, ver fragmentos de histórias de vidas escorrerem por entre os dedos como água da concha das mãos.

Bilhões de historinhas de vidas como aquela se entrelaçam dia após dia a alimentar o inconsciente coletivo! Passados dez anos, e os fatos contados são de muito antes, resta mandar um beijo a quem quer que seja, cujo fragmento de vida transparece ali.

Wed, 24 Feb 2016 11:17:06 -0300

passei agora por uma muda de árvore na praça com uma plaquinha dizendo:
"Cigarreira (árvore de flores amarelas)"
Impossível não associar o título da sua crônica à placa. Será que a informação entre parênteses foi posta por medo de que matassem a planta achando que era o condenado tabaco, ou que a roubassem pensando ser um pé de cigarro?
que bobagem!
tem dois "como" juntos na sua crônica.

      sem assinatura

Obrigado pelo copidesque.
O Jung se amarrava nessas coincidências...
Na Sorocaba teve um pé de tabaco...


Wed, 24 Feb 2016 16:34:28 -0300

Bettina@gmail.com

      sem assinatura

Se isto é uma tentativa de adivinhação... não, o nome não é Bettina (você fala da Bettina que estou pensando?)


Thu, 25 Feb 2016 18:45:13 -0300

Que elegância...

Falar sobre emoções de um certo tempo
sem perder a delicadeza de certas lembranças....

      sem assinatura

Você é um gentleman!

|home| |índice das crônicas| |mail|  |anterior|

2457443.03183.1372