crônica do dia

Guerras

26/03/03

Há guerra contra a Coca-Cola. Restaurantes da Alemanha baniram a bebida símbolo. Aqui, soube de muitos que passaram para o guaraná. O correio eletrônico traz clamores inflamados de boicote a produtos made in USA. Guerra aos irmãos do norte, já! - conclamam.

Repito um trecho publicado aqui, em 11 de outubro de 2001, um mês depois do fim do World Trade Center:

A morte na esquina do mundo. Outubro outono de folhas mortas e homens mortos e mulheres mortas. Crianças também morrem e a morte cai de helicópteros musicais, trompetes infernais persistentes a refletir miragens do azul no amarelo, do pó que tinge e atinge céus na sede, na fome, na devastação em nome de deus. Quer mais, senhor juiz em mim?

E o olho de vidro do abutre espia longe, fecha o zoom. Sempre foi e ainda é: a colônia e o colonizador, o pretexto, o pacto de partilha do butim. Entradas e bandeiras aguçam apetites atiçam as fúrias! Vêm conclamar toda divindade infernal ao horror dos navios negreiros às montanhas de carne humana em açougues e nas camas! Negreiros navios guerreiros das sangrias de aviões das saudações do chapéus de vaqueiro texano a cavalgar Enolas Gays prenhes de Little Boys prestes a transformar Hiroximas em mil fornos de cremação no juízo infinito da justiça, afinal.

A página seguinte explica: Enola Gay é o avião B-29, que levou a bomba até Hiroxima; Little Boy, o apelido dela. Hoje, o avião é B-52, talvez neto daquele e às bombas se atribui inteligência, caráter tão em falta, tanto nos comandos de 45 como nos atuais, do presidente Bucho. Aliás, ali mesmo se explica que o chapéu de vaqueiro texano se refere apenas a um filme da época...

Nenhuma violência será capaz de pôr fim a violência, jamais. Toda violência sempre gera mais violência. A guerra não está apenas no Iraque, começa em nossas casas, dentro de cada um de nós. É difícil não torcer, não tomar partido, empunhar bandeira, cantar hino...

 

há uma crônica sobre a guerra do Afeganistão...

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